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Opinião Pinto da Costa: as razões de todos e o bom senso nos silêncios de Benfica e Sporting

OPINIÃO19.02.202507:45

São facilmente entendíveis as razões que terão levado Sporting e Benfica a não apresentarem condolências pela morte de Pinto da Costa. Deviam, porém, tê-lo feito? É uma boa discussão

Ponto prévio: nada, no silêncio ensurdecedor de Benfica e Sporting sobre a morte de Pinto da Costa, constituiu desrespeito pela solenidade do momento ou má conduta cívica. Tratou-se de dois silêncios seguramente refletidos e amadurecidos, legítimos e não ofensivos.

São, além disso, bastante fáceis de interpretar. Pinto da Costa liderou desde 1982 uma verdadeira frente de batalha contra os rivais do Sul (e outros rivais que encontrou no Sul e também a Norte). Nesta clivagem desportiva e extradesportiva, cultivada muito para lá dos estádios e dos pavilhões, guiou o FC Porto num caminho triunfal, mas sempre contra pelo menos um inimigo circunstancial. Teve períodos de tréguas com um e outro, mas nunca com ambos ao mesmo tempo.

Há dias, um leitor atento chamava-me a atenção para a utilização do termo «inimigo», escrito justamente quando apresentei, em nome de A BOLA, as condolências que, pela nossa parte, entendemos endereçar ao clube, à família e aos amigos de Pinto de Costa. Percebo o ponto de vista do leitor — é um termo fortíssimo, que na realidade só é aplicado com rigor em cenários de guerra, e mesmo aí discutível. A verdade, porém, é que foi na guerra promovida contra esses inimigos que o antigo presidente do FC Porto solidificou a sua estratégia, profundamente vencedora mas raramente vivida com o esplendor e o regozijo de conquistas próprias e únicas, antes conseguidas contra alguém, fosse esse alguém o Benfica, o Sporting, A BOLA, o Record ou o centralismo lusitano.

Percebem-se, na sequência do que sabemos terem sido os 42 anos de presidência de Pinto da Costa, as razões do silêncio institucional dos dois grandes clubes de Lisboa.

Podemos, ainda assim, questionar: deveriam Sporting e Benfica ter assinalado o facto mais relevante do desporto português do último fim de semana com uma mensagem? Apesar da compreensão atrás exposta, penso que sim.

André Villas-Boas tem razão quando diz que desde abril de 2024 tem-se esforçado por encontrar pontos de convergência entre os maiores clubes do País, para bem do futebol e do desporto.

Os dois colossos da capital podiam ter resolvido a questão com uma nota simples através da qual apresentassem os pêsames, tendo em conta sobretudo a convivência com o FC Porto-instituição. Tinha custado pouco, não defraudava os adeptos e permitia que o caminho da paz prosseguisse. Assim, vamos ver no que dá.