Pepe e Vítor Bruno? Só um pode ser o líder
Pepe e Vítor Bruno coincidiram no FC Porto durante cinco épocas e meia (Foto: A BOLA)

Opinião Pepe e Vítor Bruno? Só um pode ser o líder

OPINIÃO01.12.202409:45

'Hat trick' é o espaço de opinião semanal do jornalista Paulo Cunha

1 Na inauguração da Arena Portugal, mais uma valência da Cidade do Futebol da FPF, Pepe, uma das maiores figuras da história da Seleção Nacional, foi confrontado com a crise de resultados do FC Porto. Um dos grandes símbolos do clube, cuja camisola defendeu nas cinco épocas e meia que antecederam o adeus à carreira de futebolista, anunciado em agosto, aos 41 anos, exortou o grupo a «trabalhar muito e a falar pouco» como caminho para a recuperação.

Um conselho sábio de um jogador decisivo em muitas, muitas batalhas, senhor de uma experiência inquestionável. Pena para o FC Porto que, ao longo da temporada passada, concluída na terceira posição da Liga a oito pontos do Benfica e... 18 do Sporting, a máxima enunciada por Pepe na quarta-feira, conforme o próprio constatou ainda nos relvados, não tenha surtido.

O ex-central continua a ser nome presente no dia a dia dos portistas, sobretudo desde que os maus desempenhos se tornaram regra. Destaca-se o jeito que daria a Vítor Bruno contar com Pepe para liderar o balneário, lacuna assumida recentemente pelo técnico quando enfatizou a importância de Marcano. É minha convicção que Pepe, aquele Pepe que brilhou nos oitavos de final da Champions ante o Arsenal e no Euro-2024, por aquilo acrescentaria em campo, caso a condição física fosse bem gerida, poderia ser bastante útil.

E aqui só para nós: alguém acredita que a saída de Pepe do FC Porto se justificou (apenas) por questões financeiras? A ligação umbilical a Pinto da Costa e Sérgio Conceição, sublinhada vezes sem conta, isso sim, arrisco afirmar, ditou a separação.

Questionado na Cidade do Futebol sobre se Vítor Bruno era o homem certo para comandar o FC Porto, Pepe nem uma palavra de apoio ou solidariedade dirigiu ao antigo adjunto de Sérgio Conceição, limitou-se a remeter para AVB o ónus da escolha. «Essa pergunta tem de ser feita ao presidente», disse. Para bom entendedor...

Mais que falta de referências — sempre importantes, claro, mas vale a pena frisar que o Sporting, por exemplo, perdeu Adán, Neto e Coates e sobreviveu — o principal problema dos dragões é técnico e tático, de organização enquanto coletivo, tal como já era na época anterior com Pepe. Na reviravolta da Supertaça alguém se lembrou da escassez de vozes de comando — por falar nisso, Alan Varela, aos 21 anos, chegou a capitanear o Boca Juniors… — consumada reação que transformou um risco iminente de goleada em jornada gloriosa?

Talvez seja é tempo de Vítor Bruno interiorizar que é ele o líder que todos devem seguir — como adjunto, bastava-lhe fazer o papel de polícia bom, agora terá de ser capaz igualmente de dar um murro na mesa e responsabilizar os jogadores por sucessão de erros indesculpáveis, não é, Pepê?

2 Quarenta mil cento e oitenta e nove espectadores, assim mesmo, por extenso, na noite intensa de anteontem no Dragão, onde se bateu o recorde de maior assistência em Portugal de um jogo de futebol feminino. A Seleção empatou a um diante da Chéquia, na 1.ª mão do play-off de acesso ao Euro-2025, mas para a história fica mais um passo dado na revolução de mentalidades em marcha. No mandato de Fernando Gomes como presidente da FPF, a terminar, a aposta no desporto-rainha foi a pedra de toque.

3 Vitinha, internacional português do PSG, não integra a lista de 22 médios nomeados pela FIFA para discutirem um lugar no melhor onze de 2023/24 que será escolhido pelos adeptos através de votação online. Sobre o rigor dos critérios utilizados, realce para a presença de James Rodríguez, um antigo jogador que se mantém no ativo…