Paradoxos do futebol
Sérgio Conceição começou a trabalhar para reinventar grande equipa de acordo com a filosofia de sempre: ser melhor e vencer
N A passada Assembleia Geral da FPF vários temas muito importantes constavam da agenda. Tal como defendemos anteriormente, os títulos das competições devem conservar a designação da prova no seu contexto temporal e, por isso, a decisão só podia ser: «Tudo na mesma.» Alterar designações do passado por interesses, moda ou prolongamento de lutas inexplicáveis, não faz sentido algum, porquanto são vários e decisivos os temas que o futebol tem de aperfeiçoar. A votação do Regulamento Disciplinar da Liga para 2022/2023 foi adiada, em princípio, para 25 de julho. O documento, já aprovado em AG da Liga, não mereceu aprovação na AG da FPF. A discussão será retomada a 25 de julho e, até lá, serão feitas as «devidas alterações» nos artigos em avaliação pelos delegados da AG da FPF. A suspensão dessa Assembleia Geral não permitiu a ratificação de pormenores do Regulamento Disciplinar, o que impediu a entrada em vigor de normas entendidas como ilegais, sobre as quais foram levantadas dúvidas técnicas e jurídicas, e obrigou a marcação de nova AG. Esse adiamento, em cima do arranque competitivo, deixa transparecer um ambiente de antagonismos e não de colaboração total entre entidades que deveriam manter uma relação de cooperação irrepreensível e não de oposição. Se há elementos da Liga na FPF, certamente que deveria ser mais vantajoso para o futebol manter uma forte coesão e não situações permanentes de instabilidade e polémica que não valorizam o jogo. A Liga e os clubes decidiram retirar as suas novas propostas para «evitar conflitos artificialmente criados». O futebol profissional não pode sofrer tiros nos pés, e é notória a ideia de clivagens e de incapacidade de diálogo: com divisões fraturantes quem perde é o futebol.
O diálogo não está a conseguir entrar em campo porque há sempre questões divergentes que dão ideia, ao público em geral, de falta de capacidade em harmonizar, atempadamente, normas e regras que nos orgulhem e que não nos dividam. Reforçar a ideia de clubismo acima dos verdadeiros interesses do futebol é minudência que nunca deveria surgir. A exclusividade de funções, pelos dirigentes, em casos específicos, será uma mais-valia indispensável e um elemento de pacificação. Cada vez mais as situações tornam-se complexas e exigem não o aprofundar de divisões mas a unidade na ação e no diálogo. Os dirigentes são importantes, porém, acima deles deve estar sempre o futebol, como destino a aperfeiçoar sem parar: trata-se também de um negócio que envolve muitos milhões. Se o Conselho de Arbitragem tivesse apresentado, com a devida antecedência, as críticas que entendeu urgentes e necessárias, a Liga Portugal poderia ter analisado com tempo as suas opções, evitando nova convocatória para a reunião magna. É mais um sintoma de falta de união e até de oposição! A eventual falta de diálogo institucional pode revelar divisões que penalizam o prestígio do nosso futebol e a incapacidade para um desenvolvimento sustentado, com eventuais lutas de poder em entidades que deverão ser exemplo de entendimento global. Qual a razão da incapacidade de diálogo prévio para regras e decisões transparentes e eficazes? Essa é uma questão pertinente. Aí residem também os problemas que atrofiam o nosso crescimento e que se revelam a diversos níveis. É tempo de mudança urgente e ajustada. Há mandatos a terminar e candidatos a preparar-se, num momento decisivo para manter e prestigiar o nosso futebol. Egoísmos e lóbis são dois adversários que rematam para a própria baliza!
O futebol tem atualmente adversários perigosos que não dão descanso. Para lá dos milhões de adeptos em todos os continentes, tem de seguir o rumo mais rigoroso a analisar todas as situações, para evoluir e impedir a viciação dos resultados. Recentemente foram detidas mais de 20 pessoas suspeitas de match fixing da segunda e terceira ligas espanholas, com fraude superior a 500 mil euros. Poderá ser apenas uma pequena ponta do iceberg! Porém o combate tem de ser global, constante e poderoso.
Os clubes procuram, com atenção e cuidado, a criação de plantéis que permitam ambição e confiança, enquanto vemos partir do nosso futebol jovens talentos que os mais ricos podem contratar para se reforçar muito bem. Por cá, com exceção de três ou quatro clubes, os reforços surgem da colaboração do diretor desportivo e do presidente, com empresários que procuram soluções quer no mercado interno quer noutros locais onde se possa chegar. O campeão nacional ficou novamente desfalcado com saídas de jogadores formados no FC Porto, que Sérgio Conceição transformou em craques e que foram para clubes e ligas mais fortes, arrecadando mais-valias importantes e sentindo a necessidade anual de refazer nova equipa sempre muito forte. Para já, sabemos que, além de aquisições fulcrais, atletas da equipa B foram promovidos à equipa principal e ainda mais os que estiveram emprestados. Sérgio Conceição começou a trabalhar para reinventar novamente uma grande equipa de acordo com a filosofia de sempre: ser melhor e vencer. É preciso escolher, definir posicionamentos e opções, preservar jogadores indispensáveis para criar laços de entendimento e a raça do mister fará o resto: uma equipa à sua imagem e com o foco na vitória e nos títulos. Para já, sem muitas entradas de primeira página mas com a total entrega, para praticar o futebol veloz, possessivo e inteligente que garantiu títulos merecidos. Cada vez com maiores dificuldades em competir com ofertas muito elevadas de jogadores, certamente que poderá sempre chegar uma ou outra surpresa, mas a força virá do balneário e do processo de formação iniciado com Sérgio Conceição. Trabalhar com o Sérgio é garantia de evolução e portanto de valorização futura. O ser Porto é uma distinção que permite tornar-se uma escola de exportação para manter contas em dia, ou melhor ainda. São muitos os jogadores que evoluíram no FC Porto de forma rápida em termos técnicos, táticos e de aptidões na criação de modelo de jogo. São muitos os treinadores nacionais que clubes de vários continentes contratam, em função da sua capacidade e entendimento do futebol, bem como a facilidade de adaptação, prestigiando a nossa formação de treinadores e o nosso futebol. Com estruturas mais firmes, com menos confusões e conflitos, com renovação de árbitros e procedimentos de dirigentes, sem as guerras de palavras que ferem o nosso futebol, poderemos avançar mais no ranking europeu. Mas, para isso, há uma tarefa gigantesca a cumprir: dirigentes competentes, sem provocações, com exemplar relacionamento institucional, pois só assim se atraem mais adeptos aos estádios, para que a segurança se torne uma garantia de fair play. O futebol como festa tem potencialidades para ser um tempo de emoções fortes e com comportamentos de unidade, em torno de um emblema que deve ser sempre respeitado por todos. Num contexto europeu onde a violência cresce de forma imparável, não é impossível ajudar a construir jogos apaixonantes sem o entendimento e respeito das claques: basta querermos e cumprir. Se o jogo envolve apenas algumas horas, será imprescindível que quem o comenta nas televisões saiba estar ao nível do jogo e contribua para debater com dignidade, imparcialidade e sem facciosismo o que as imagens nos mostram. Hoje em dia, com a tecnologia como apoio imprescindível, é mais fácil detetar a razão das decisões e, por isso, não potenciar diálogos e debates sistemáticos que afastam muita gente dos estádios e continuam uma alienação conflituosa. A segurança começa em nós e nos responsáveis de cada setor.
Sérgio Conceição entra para a sexta temporada como treinador do FC Porto
REMATE FINAL
O FC Porto venceu o 24.º título de campeão de hóquei em patins, no jogo decisivo do play-off, passando para a frente quanto ao número de títulos. Além do título nacional, ganhou também a 18.ª Taça de Portugal e a 13.ª dobradinha.
No Europeu de futebol feminino, no primeiro jogo, Portugal entrou a perder por 0-2 na primeira parte; no segundo tempo conseguiu jogadas excelentes, empatou e teve oportunidades para vencer. Progressão excelente.
Vitinha e Fábio Vieira foram dois dos jovens que Sérgio Conceição elevou para patamares muito elevados, permitindo um encaixe financeiro muito importante. «Manter Sérgio Conceição é o nosso principal trunfo», afirmou Zaidu.
Daniel Bragança, jovem talento do Sporting, sofreu lesão grave no joelho que implicou cirurgia. Que recupere com segurança o mais rápido possível, para continuar a enriquecer o jogo.