Os árbitros do futuro e o futsal português

OPINIÃO05.10.202107:00

Não é sorte nem é coincidência. É arte. Arte de saber como fazer

N ESTE evento, os diferentes conselhos de arbitragem enviam alguns dos seus pequenos representantes para uma experiência coletiva absolutamente fantástica: eles (e elas) passam quase três dias a partilhar experiência e conhecimento. Treinam juntos, estudam as regras, fazem testes e vídeotestes, ouvem conselhos sobre nutrição, motivação e resiliência, dialogam com árbitros mais experientes, assistem a palestras, enfim... aprendem, crescem e divertem-se. Divertem-se porque estão onde querem, a fazer o que mais gostam, com quem sente o mesmo que eles sentem.
De cada que alguém me pergunta o que leva um pai ou mãe a deixar o seu filho(a) ingressar na arbitragem, respondo sempre o mesmo: «Nunca conheci nenhum jovem árbitro(a) que tenha seguido caminhos perversos. Não conheço nenhum(a) que seja alcoólico, marginal ou toxicodependente. Quando tens 14, 15 ou 16 anos (idade bonita mas tão perigosa), isso conta e conta muito.» Na arbitragem, estas meninas e meninos aprendem a trabalhar em equipa, a gerir emoções, a lidar com o contraditório e a ter responsabilidade. É assim tão má, esta escola? Vão por mim... não é. E porque todos fazem falta, nunca descurem esta alternativa. Apareçam, inscrevam-se.
 

CAMPEÕES DO MUNDO DE FUTSAL

Não acho que exista muita gente que esteja bem ciente do que aconteceu este domingo, em Kaunas. Portugal sagrou-se Campeão do Mundo em futsal. Para quem não sabe, esta é a primeira vez que o nosso país vence um mundial em modalidades de pavilhão. A primeira na nossa história. O feito de ontem assume proporções ainda mais épicas se tivermos em conta o potencial e dimensão geográfica de potências como Espanha, Argentina, Brasil, Rússia e até Cazaquistão (que tem 19 milhões de habitantes). Há coisas que acontecem por acaso, num misto de oportunidade e felicidade, e há outras - como esta - que só surgem devido à visão, planeamento e competência de muito boa gente. O que aqueles craques fizeram em campo é a expressão material do trabalho produzido por uma casa vencedora. É preciso dar o mérito a quem tem e esta FPF, comandada por Fernando Gomes, conseguiu - em menos de dez anos - ir a 26 finais (!!), arrecadando 14 títulos (entre europeus e mundiais de futebol de 11, praia e futsal).
Não. Não é sorte nem é coincidência. É arte. Arte de saber como fazer. Merece o nosso respeito, a nossa vénia e mais sincera admiração, até porque dificilmente se fará melhor. Chapeau... e obrigado, em nome de todos nós.