O trabalho de casa está feito

OPINIÃO09.08.202306:30

Na teoria tudo parece encaixar-se e só em Alvalade ainda não foi afixada a placa: o mercado reabre em janeiro

EM dia de Supertaça e já com o SC Braga também em campo, os plantéis dos principais clubes encontram-se praticamente fechados. O trabalho de casa está feito, vamos ver se bem ou mal. Na teoria tudo parece encaixar-se, mas na prática, todos o sabemos, nem sempre é assim. Como sempre, só lá para maio podem fazer-se contas. Agora é tempo apenas de… projeções.

Ocampeão Benfica, mesmo em cima da meta, no arranque oficial da temporada, solucionou os últimos problemas. Na baliza, Vlachodimos já tem concorrência, com o gigante ucraniano Trubin a ser o eleito para pôr em sentido o desde sempre questionado internacional grego. Vamos ver se o consegue. Certo é que Vlachodimos é o número 1. Pelo menos, para já. 

No ataque, perdido o principal goleador da época transata, Gonçalo Ramos - os petrodólares do PSG falaram mais alto, já que a proposta era verdadeiramente irrecusável, principalmente para o avançado -, a Administração dos encarnados teve praticamente só um fim de semana para encontrar um substituto. Já não a tempo para o clássico de hoje, mas, se Roger Schmidt o entender, preparado para a estreia no campeonato. O brasileiro Arthur Cabral apresenta-se depois de ter marcado 17 golos com a camisola da Fiorentina em 2022/2023. Chega à Luz aos 25 anos e com quatro de Europa. Não precisa de adaptação. Só de marcar golos.

NO FC Porto entre as exigências da matriz de jogo de um cada vez mais influente Sérgio Conceição e ainda (e sempre…) com o fantasma do fair-play financeiro da UEFA a pairar, a opção foi preservar todas as joias - a exceção foi Uribe, mais um craque que o Dragão viu partir a custo zero… Ficaram, até ver, claro.., Diogo Costa, Otávio, Taremi e Pepê. As fichas foram todas colocadas no miolo. Curiosamente, onde de momento se concentram quase todas as discussões do futebol português. Seja no 4x2x3x1 do Benfica, no 4x4x2 do FC Porto ou no 3x4x3 do Sporting. Todos com um meio-campo a dois. Sérgio Conceição apostou no 6 Alan Varela e no 8 Nico González. Se se adaptarem às tais exigências do treinador, problema resolvido. Isto embora considere que continua a faltar aos dragões um lateral-esquerdo com outra dimensão.

DISCRETAMENTE, em Braga trabalhou-se bem. António Salvador, depois de ter conseguido ultrapassar o Sporting na Liga, canalizou todas as atenções para a Champions e se a conseguir alcançar terá, mais uma vez, nota máxima na estratégia delineada. Consegue sucessivamente muito com pouco. Do onze base de Artur Jorge, o presidente só deixou partir Iuri Medeiros, mas ao treinador ofereceu José Fonte, Rony Lopes, Zalazar e ainda garantiu, em definitivo, Bruma. Jogadores de indiscutível qualidade, a que se juntam Adrián Marín e Vítor Carvalho, mais dois valores seguros que chegam na linha de continuidade da aposta no mercado interno.

SÓ em Alvalade ainda não foi afixada a placa: o mercado reabre em janeiro. Gyokeres chega com o peso de ser a contratação mais cara de sempre, mas o possante ponta de lança já mostrou que suporta bem esse peso. O sueco dá ao jogo dos leões outra profundidade e tem tudo para pegar de estaca. Hujlmand está por horas e ao médio defensivo dinamarquês vai juntar-se, pelo menos, um lateral-direito. 

Depois de uma elevada taxa de acerto nas contratações nas duas primeiras temporadas em Alvalade - Adán; Porro, Feddal, Matheus Reis e Nuno Santos; Ugarte, Pedro Gonçalves e João Mário; Edwards, Paulinho e Sarabia formariam um belo onze, não acham? -, as apostas de Rúben Amorim ficaram longe do desejável no anterior defeso. Só Morita e Trincão se afirmaram no onze, continuando, apesar do potencial, St. Juste, Diomande e Franco Israel à espera de mais espaço. Já Bellerín, Sotiris, Rochinha, Tanlongo e Arthur Gomes receberam mesmo guia de marcha. O treinador parece ter aprendido com os erros e a opção foi comprar poucos mas bons. Nada mais seguro. Leva é mais tempo…