A época de 2012/13 foi particularmente importante para a dupla Hugo Viana-Ruben Amorim. Ambos jogadores do SC Braga (onde Amorim esteve, após um ‘arrufo’ com Jorge Jesus, em 2012/13), coincidiram ainda num Gabão,2-Portugal,2 (Libreville, 12/11/2012) ao serviço da Seleção Nacional, e foram dos arsenalistas mais importantes da equipa liderada por José Peseiro. Quis o destino que Hugo Viana, à altura diretor desportivo do Sporting, fosse, em 2019, contratar o treinador Ruben Amorim, precisamente ao SC Braga, pagando os leões uma clausula de rescisão aos minhotos, na ordem dos dez milhões de euros. O resto, no reino de Alvalade, é história: o Sporting foi duas vezes campeão nacional, e venceu duas Taças da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira, apresentando um futebol que os adeptos leoninos não viam pelo menos desde a grande equipa de 1973/74, que fez a dobradinha, orientada por Mário Lino: Damas; Manaca, Bastos, Carlos Alhinho e Carlos Pereira; Nélson, Wagner e Fraguito; Marinho, Yazalde e Dinis. Porém, como ‘não há mal que dure sempre, nem bem que não se acabe’, em Outubro deste ano soube-se que Hugo Viana ia passar a ser, em 2025/26, diretor desportivo do Manchester City, e um mês depois Ruben Amorim partiu para a Premier League, onde treina agora o Manchester United. Com esta dupla envolvida, Hugo na renovação da equipa do City, e Ruben na refundação da equipa do United, o Sporting, à velocidade da Luz, passou de um céu, que teve como limite vitórias sucessivas sobre Manchester City (4-1) e SC Braga (4-2), para um inferno cujas labaredas provocaram três derrotas seguidas, algo que Alvalade não via há cinco anos. Para quem sobra tudo isto? Para Frederico Varandas, que de repente viu a sua presidência transformada numa montanha russa que, depois de chegar ao topo e ver, do alto, o mundo inteiro, caiu vertiginosamente, sem que se saiba quando será estancada a hemorragia. Infelizmente, em Portugal, por melhores que sejam as intenções de levar por diante projetos bem alicerçados, a ditadura dos resultados continua a ditar a lei, e quando estes não aparecem, emergem contas velhas que ficaram por acertar. Depois de ter sido eleito presidente do Sporting, na sequência do processo de ‘impeachment’ de Bruno de Carvalho, Varandas cortou a direito e pisou os calos a muita gente, ou seja, mexeu com poderes, estatutariamente inorgânicos, instalados, e com as muitas benesses que deles advinham (o mesmo se passa, atualmente, no FC Porto, sem tirar nem por). Quer isto dizer que há em Alvalade, tal como no Dragão, uma minoria militante, que procurará sempre cavalgar os insucessos desportivos para, através da desestabilização, acertar contas pendentes e, se possível, virar o tabuleiro e colocá-lo, novamente, a seu favor. Provavelmente não estarei enganado se disser que Frederico Varandas atravessa a fase mais sensível de um consulado marcado positivamente por títulos conquistados, saneamento financeiro realizado e recuperação de infraestruturas, cometimentos que deveriam colocá-lo a cobro de qualquer conjuntura menos favorável. O problema é que os clubes são muitas vezes como o escorpião que não sabe nadar e pede boleia ao sapo para atravessar o rio e decide, na parte mais funda, picá-lo…