O meu plantel

OPINIÃO04.08.202306:35

Ao escrever este texto, verifico que está iminente a saída precoce de Gonçalo Ramos, fruto de um mercado assimétrico e impiedoso

OBenfica deu por concluída a chamada pré-temporada. Sem a Eusébio Cup, o que muito lamento, e sem a apresentação no Estádio da Luz por razões herbáceas. Tendo visto os jogos, atrevo-me a dar a minha opinião sobre o plantel 2023/24. Opinião de um sócio atento, contudo sem ‘diploma’ de comentador encartado. Leigo quanto é suposto, observador quanto é necessário.

O meu onze titular seria assim: Vlachodimos; Bah, António Silva, Otamendi e Ristic; Kökçü e João Neves; Di Maria, Rafa e Aursnes; Gonçalo Ramos. Ao escrever este texto, verifico que está iminente a saída do ponta-de-lança, fruto de um mercado profundamente assimétrico e impiedoso. Esta saída precoce impõe a contratação de um atacante já bem maduro (pergunto se o haverá em tempo adequado e a preço comportável). Os pontas-de-lança sobrantes são Musa (um eficaz suplente) e Tengstedt (ainda uma incógnita). Pena que Henrique Araújo (que me faz lembrar Pauleta) tenha sido emprestado.
 

«No meio-campo, João Neves parece-me nuclear, como destruidor e construtor»


Quanto ao guarda-redes, não há dúvidas, até pela escassez de equivalente alternativa. Relativamente ao sector defensivo, Morato será a primeira opção como substituição (ou ‘reforço’, termo ambíguo e nem sempre levado à letra). Pelo que vi, Ristic está melhor que Jurasek, mas ambos distantes do que dava Grimaldo. No meio campo, o jovem João Neves parece-me nuclear como destruidor do jogo adversário e como construtor de jogo ofensivo. Escolhi o turco, embora deva dizer que, até agora, vi nele um bom jogador mas ainda receoso e a jogar sem arriscar. Acredito, porém, que não terá sido por acaso que foi considerado o melhor jogador nos Países Baixos. Florentino será sempre uma boa opção adicional. Chegado à frente, as coisas começam (ainda bem) a complicar-se nas minhas escolhas. Não considerando por agora Gonçalo Guedes, terão lugar assegurado Di Maria (em “part-time”) e Rafa (se melhorar a regularidade ao longo dos 90 minutos). Sobre Aursnes, para mim o jogador mais decisivo no 38,  a questão não é a de ser ou não ser titular, mas a de decidir em que melhor posição o faz. A sua polivalência é um tesouro para o Benfica. Com Aursnes na ala esquerda, em vez do 4-2-3-1, teremos mais consistentemente um imaginado “4-2 e meio -2 e meio -1”. Não esqueço, porém, a importância de João Mário, nos 13 ou 14 jogadores nucleares e a de Neres, um desequilibrador, ainda que com sombras, que será  o “abre-latas” da primeira substituição. Não esquecer o rapaz norueguês com cara de menino escolar, Schjederup, que creio pode ser bem útil.

P.S.  Não tenho entusiasmo pela hipótese dita remota de João Félix no plantel. Temos jogadores que chegam e sobram e seria mais um atleta de passagem e, aparentemente, com pouca humildade para estar no banco.
 

Fontelas Gomes, presidente do CA

FOLHA SECA
Áudios por atacado

Vão ser tornadas públicas algumas comunicações áudio com o VAR.  Inferi do comunicado do Conselho de Arbitragem que as tais algumas serão todas as que, por suscitarem dúvidas ao VAR, levam o árbitro principal ao monitor. Em princípio, é um passo no caminho necessário da clareza e do escrutínio público dos juízes arbitrais. Poderá ser também um elemento dissuasor que conduza os intervenientes a pensar bem no que dizem e, sobretudo, no que decidem. Em tese, um efeito colateral nocivo que, todavia, pode acontecer é o de, em determinadas circunstâncias, os árbitros evitarem ir ver as imagens para assim afastarem a divulgação das conversas. Espero que seja mesmo só em tese, e não na prática. 


Por fim, diz o comunicado que as gravações estarão disponíveis no fim de cada mês, por atacado. Não percebo este amontoado que mais parece concebido para ‘diluir’ casos mais controversos. Além disso, acho patético, que uma jogada que aconteceu três ou quatro semanas antes seja objecto do anunciado escrutínio no fim do período considerado. Imagino a plêiade do comentariado televisivo a dissecar lances dos dias anteriores e, ao mesmo tempo, a repristinar momentos de um mês atrás, numa espécie de rotunda sem prioridade de nenhuma ordem e choques de toda a espécie. Esclareceu também o CA que «em 2017, provavelmente por tudo ser novo, o impacto da divulgação dos áudios não foi o desejado, tendo até contribuído para que o ruído em torno da ferramenta aumentasse, sem benefício para o jogo.» Pergunto: não será esta ideia de divulgar os áudios só uma vez por mês - ela própria -  um factor de constante ruído e agitação?
 

David Neres


JOGOS FLORAIS

"Zenit tenta a contratação do brasileiro David Neres", notícia CNN Portugal

Futebol fora das sanções? Li esta notícia e não queria acreditar. Neres recusou-a sensatamente, ele que até teve de sair da Ucrânia no início da guerra. Há mais casos de recrutamento por clubes russos. Mas então as sanções contra a Rússia não se aplicam aos clubes de futebol? E como é que a UEFA e a FIFA impedem que os clubes russos (e as selecções) possam jogar nas competições internacionais e admitem negócios de passes de jogadores entre a Rússia e países europeus?


FAVAS CONTADAS

700 MILHÕES. Continua a tentação capital das Arábias. Desta vez, seriam 700 milhões/ano (recusados) para Mbappé! Obsceno, inqualificável, sem pingo de justificação!  Por vezes na política, diz-se que não basta pôr dinheiro em cima dos problemas para os resolver. Aqui bem se pode dizer que pôr tanto dinheiro em cima da liga saudita, não a torna necessariamente melhor...


FOTOSSÍNTESE

EQUIPAMENTOS E SEUS LIMITES. Uma boa política de ‘merchandising’ impõe que os clubes anunciem novos equipamentos todos os anos. Observo com curiosidade as alterações, umas vezes com satisfação, outras nem tanto. Quanto ao ‘manto sagrado’, gosto do modelo da camisola encarnada, ainda que preferisse menos branco no inigualável vermelho. Tenho pena de, desde 2005, não se reeditarem as meias pretas. Acho interessante a ideia da lista das cores dos 5 continentes no equipamento alternativo, em associação com a vasta e ampla diáspora benfiquista. Uma observação final: vi Vlachodimos usar um equipamento de um azul muito semelhante ao do FCP. Parece-me mal, como certamente um adepto portista ou sportinguista não apreciaria um guardião trajado de vermelho