O mercado de janeiro

OPINIÃO02.02.202022:35

Janeiro chegou ao fim e com ele terminou também a possibilidade de os clubes portugueses fazerem os reajustes que entendem necessários para concretizar objetivos - sejam aqueles que tinham traçado no início da temporada ou novas metas, ajustadas àquilo que conseguiram fazer nos meses que o antecederam. Costuma dizer-se, e com alguma propriedade - haverá exceções, mas por serem poucas servirão, como quase sempre, apenas para confirmar a regra -, que o mercado de inverno não faz campeões. E é, quase sempre, verdade. Mas pode, sem dúvida ajudar , embora sobre essas contas só possamos efetivamente falar lá mais para a frente. Ainda assim, a estratégia de ataque dos três grandes a este mercado de janeiro permite-nos tirar algumas ilações importantes, nomeadamente sobre aquelas que serão as expectativas de Benfica, FC Porto e Sporting para o que falta jogar-se de 2019/2020.

BENFICA. A águia chegou confortável ao final do mercado de janeiro. Sete pontos de avanço sobre o FC Porto, excelente saúde financeira... Enfim, se o Benfica parecia estar, já, em vantagem sobre o único rival na corrida pelo título, essa posição saiu, é inegável, reforçada agora que findou o período de transferências. Luís Filipe Vieira não só conseguiu resolver alguns dos problemas relativos aos excedentários do plantel - faltou Zivkovic, sem dúvida um caso de contornos demasiado estranhos - como deu a Bruno Lage mais uma solução de 20 milhões de euros para o meio-campo e garantiu o empréstimo de Dyego Sousa para colmatar a saída de Raul de Tomas - que parece estar a provar, em Espanha, que o seu problema não é tanto técnico mas mais mental. Claro que é preciso esperar para confirmá-la, mas fica, claramente, a ideia de que o Benfica sai de janeiro ainda mais forte, o que o torna - ainda mais do que era - no principal candidato à conquista do título. E talvez na cabeça de Vieira esteja, até, a possibilidade de um brilharete na Liga Europa...

FC PORTO. A viver sob aperto financeiro e, talvez, preocupado com um clima nunca antes visto no seu consulado, Pinto da Costa e a SAD dos dragões optaram por hibernar no mercado de inverno. Não entrou ninguém - decisão publicamente assumida por Sérgio Conceição no início de dezembro, quando o FC Porto estava a apenas dois pontos do Benfica... - mas também não saiu nenhuma das figuras importantes. O treinador garante que o plantel lhe dá garantias e a SAD lavou as mãos, deixando a Conceição o ónus de ter decidido assim, mesmo que, desde aquele tal 7 de dezembro até ao final do mercado, as circunstâncias terem mudado de forma radical. Terá, portanto, o treinador de lidar com essa decisão, para o bem e para o mal. E pode nem demorar muito, dependerá do resultado do clássico, já no sábado...

SPORTING. Foi, dos três grandes, aquele que, sem dúvida, saiu mais fraco do mercado de janeiro. Bastava a confirmação da saída de Bruno Fernandes (inevitável, convenhamos, a todos os níveis) para se chegar a esta conclusão. Sporar, único reforço sonante que chegou a Alvalade, parece ser, numa análise ainda muito incompleta, um avançado interessante, mas já não foi capaz o leão de colmatar a lesão de Luiz Phellype, como decerto pretenderia Silas. Terá, portanto, o treinador leonino de jogar com o que lhe resta, que não é muito. Ainda assim, a verdade é esta: afastado da luta pelo título e pela Taça de Portugal, poderia a SAD liderada por Frederico Varandas abordar o mercado de forma diferente? Para quê? Mais vale, se calhar, guardar balas (dinheiro, leia-se) para guerras por que valha a pena lutar...