O jeito que um extremo dá
Tiago Gouveia decisivo na vitória do Benfica (André Alves/Grafislab)

BOLA DO DIA O jeito que um extremo dá

OPINIÃO18.08.202410:00

Entrada de Tiago Gouveia foi fundamental para o Benfica, enquanto que Pedro Gonçalves e Trincão tornam incontornável a presença na Seleção

A exibição foi mais sofrível do que o resultado pode indicar, mas o volume da vitória frente ao Casa Pia até pode dar um alento acrescido para o Benfica. Com David Neres a fazer as malas, a ausência do lesionado Ángel di María condicionou a intenção de contornar os problemas ofensivos que a equipa de Roger Schmidt tem evidenciado.

Não faltou vontade de reagir à derrota em Famalicão, mas voltou a faltar criatividade, sobretudo na primeira parte. A lesão de Best bem podia ter limitado ainda mais a largura da equipa encarnada, mas Álvaro Carreras deu fulgor à ala esquerda, sobretudo a partir do momento em que passou a ter Tiago Gouveia à sua frente. Orkun Kokçu e Marcos Leonardo, lançados ao mesmo tempo, também tiveram elevada influência no desfecho, mas foi o jovem português a assumir o estatuto de figura do encontro. Adaptado a lateral direito na pré-epoca, perante a ausência de uma alternativa a Alexander Bah, Tiago Gouveia provou o jeito que um extremo dá a este Benfica, com um golo e uma assistência.

Prestes a consumar-se a venda de Neres ao Nápoles, o Benfica tem a obrigação de ir ao mercado procurar (pelo menos) um jogador com perfil idêntico, mas, independentemente disso, deve valorizar adequadamente o papel do camisola 47.

O Sporting é a prova de que os extremos dão um certo jeito, sem obrigatoriedade de jogarem agarrados à linha. Órfão do capitão Sebastián Coates e à espera que Vladan Kovacevic mostre que pode ser uma muralha firme, quando tudo o resto falha, o conjunto verde e branco ainda não conseguiu acabar nenhum jogo sem golos sofridos, mas tem compensado largamente com o poderio ofensivo. Embora espere ainda por uma alternativa para o ataque – e Vítor Roque até era capaz de encaixar melhor do que Ioannidis -, a equipa leonina tem mostrado que as dinâmicas estão bem conservadas, como atestam os 12 golos marcados em três jogos.

A capacidade concretizadora foi insuficiente para erguer a Supertaça, mas o Sporting tem mostrado a solidez que Rúben Amorim conseguiu incutir em Alvalade, essencial para os sucessos alcançados. Se, em tempos, essa firmeza partiu da retaguarda, agora parece assente na química do tridente adiantado, desta vez alimentado por Daniel Bragança (um golo e uma assistência). Gyokeres bisou na Madeira, e esteve, uma vez mais, bem acompanhado por Pedro Gonçalves (um golo e duas assistências) e Francisco Trincão (dois golos também).

Faltam ainda 12 dias para a primeira convocatória da Seleção Nacional após o Euro 2024, mas parece incontornável – até pela condição atual de João Félix, Francisco Conceição e Pedro Neto – que esta dupla leonina venha a figurar na lista de Roberto Martínez para os jogos da Liga das Nações com a Croácia e a Escócia.