O FC Porto, o árbitro e as imagens
IMAGO
Foto: IMAGO

O FC Porto, o árbitro e as imagens

OPINIÃO08.04.202409:44

Conselho de Disciplina da FPF não agiu tendo por base as imagens da TV e fez mal

No final do Estoril-FC Porto assistiu-se a desacatos entre jogadores e representantes azuis e brancos e os árbitros. Antes já alguns jogadores, Pepe e Francisco Conceição, tinham, ironicamente, aplaudido o árbitro. Antes ainda, já Conceição, o filho, tinha, ao que parece, insultado o árbitro, com transmissão pela TV. Citando o comunicado do FC Porto, «o mínimo que podemos fazer é alçar a voz da nossa revolta». Haverá revolta com a lei?

As leis desportivas são muito exigentes com os praticantes de futebol. Porém, são tão exigentes quanto as leis laborais o são com os trabalhadores. Não nos podemos esquecer que o futebolista é um trabalhador e o campo de futebol um local de trabalho. Compreende-se a exigência de comportamentos ética e socialmente irrepreensíveis que é feita a jogadores, treinadores e outros agentes desportivos.

No caso do futebol existem as sanções previstas no Regulamento Disciplinar da Liga Portugal. E aqui o art.º 157 diz que «os jogadores que utilizem expressões ou gestos ameaçadores ou reveladores de indignidade são punidos: a) no caso de expressões ou gestos dirigidos contra a equipa de arbitragem, com a sanção de suspensão a fixar entre (...) um e quatro jogos». E quando contra os espectadores «d) entre (...) um a dois jogos». Em ambos os casos acrescidos de multa.

Já o art.º 158 determina que o mesmo acontece aos «jogadores que usem expressões, verbalmente ou por escrito, ou façam gestos de caráter injurioso, difamatório ou grosseiro».

A Francisco Conceição foi aplicada a pena de um jogo de suspensão pela expulsão e aberto um inquérito disciplinar por parte do Conselho de Disciplina (CD) da FPF porque, e de acordo com relatório do delegado da Liga, «pontapeou portas a caminho do balneário». A sanção e o inquérito aplicam-se de forma idêntica ao guarda-redes Diogo Costa. A Pepe e aos outros intervenientes na altercação filmada em direto nenhuma sanção, uma vez que o árbitro nada relatou. Mas pensemos, caro leitor: não tem o CD possibilidade de agir tendo por base as imagens da TV? Tem. Fê-lo? Não fez e fez mal: nada justifica não se ter pronunciado sobre o assunto. No mundo de hoje não se pode fingir que as imagens não existem!

Pode ser difícil de aceitar para os fãs mais acérrimos deste desporto, mas o futebol é um espetáculo de entretenimento e o entretenimento quer-se de um modo geral para toda a família. Este é o modelo americano que se tem imposto, tendo por base a matemática capitalista. Uma família gera mais receitas que um só indivíduo. E as famílias querem divertir-se, não correr riscos. Mais, os sponsors não querem clubes ou ídolos com comportamentos censuráveis, é mau para o negócio.

O Direito ao Golo desta semana só pode ser para o Sporting, que ganhou o dérbi de sábado e aumentou a vantagem no campeonato sobre o Benfica para 4 pontos, com um jogo a menos por disputar. Já na 3.ª-feira o Sporting tinha empatado na Luz, num extraordinário jogo de futebol, assegurando assim a passagem à final da Taça de Portugal.