O cheiro dos dias

OPINIÃO15.02.201903:00

1. 14 de fevereiro de 2019 foi o dia em que o Benfica recorreu a seis miúdos da formação, venceu e convenceu em Istambul o Galatasaray, malgrado a revolução na equipa produzida por Bruno Lage, e a aragem da juventude duma nova dinâmica deixou um odor a pureza no ar.

2. 3 de fevereiro de 2019 foi o dia em que o departamento de comunicação deu tiro de canhão nos pés ao culpar a Comissão de Instrutores da Liga a propósito de um castigo que, afinal, foi o Conselho de Disciplina da FPF a obrigá-la a deduzir, depois de primeira proposta de arquivamento. Os termos utilizados espalharam um extremo cheiro a bafio.

3. 10 de fevereiro de 2019 foi o dia em que o Benfica aplicou chapa 10 ao Nacional; os benfiquistas festejaram de largo sorriso tão gordo triunfo e os nacionalistas coraram de vergonha. Para quem pretende ver estes fenómenos de uma forma mais distanciada, ficou um cheiro a cera no ar. A mesma cera aplicada nos corredores do poder de quem pouco ou nada faz para alterar a competitividade - ou a falta dela - do futebol português.

4.  8 de fevereiro de 2019 foi o dia em que o FC Porto empatou em Moreira de Cónegos e 12 aquele em que perdeu em Roma. Estes foram mais dois dias em que os adeptos portistas sentiram falta do cheiro da savana saído da robustez africana de Marega.

5.  1 de novembro de 2018 foi o dia em que Frederico Varandas despediu José Peseiro. Três meses e meio depois, com Marcel Keizer no comando, olha-se para as deficiências estruturais do futebol leonino e ficamos impregnados de um cheiro a chouriço assado com natas e marmelada: ninguém o entende.

6.  1 de janeiro de 2020 será aquele em que Jorge Jesus poderá voltar a Portugal sem ter de pagar um balúrdio de impostos. Até lá, quem gosta de sorrir com as declarações dos intervenientes, será muitas vezes invadido pelo fortíssimo odor a mofo que sairá da maioria das conferências de imprensa.