O bom filho à casa torna e a nossa esperança aumenta

OPINIÃO02.02.202205:55

Numa equipa organizada com um treinador exemplar, cabem sempre mais jogadores de qualidade. O regresso de Slimani é fantástico

Ogoleador argelino volta à casa sportinguista, onde entre 2013 e 2016 deu bastantes alegrias. Jogou 111 jogos, marcou 57 golos, fez 15 assistências e ajudou a conquistar uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Claro que, na altura, tinha entre 25 e 28 anos e agora volta com 33, sem que eu saiba qual a sua condição física atual; mas acredito que será mais do que razoável, para o Sporting o ter contratado; sobretudo aposto que o seu empenhamento será grande, porque foi ele que quis vir, dispondo-se a baixar o salário que auferia no Lyon.
Slimani tem saudades do Sporting, coisa muito comum em quem passou por Alvalade. Foi lá que marcou mais golos na sua carreira, a uma média de mais de um em cada dois jogos. E isto com uma equipa e um clube menos organizado e motivado. 
Além do argelino vem o inglês Marcus Edwards, que há muito dava nas vistas no V. Guimarães. Parece que Rúben já o tinha debaixo de olho há bastante tempo, e será, certamente, um reforço para posições que têm titulares quase indiscutíveis, mas muito sobrecarregados - Pedro Gonçalves e Sarabia.
Curioso é, também, o facto de o treinador do Sporting ter dito, numa entrevista que deu à Sport TV no final da conquista da Taça da Liga, que poderia jogar com outras formações. Nessas declarações, onde se apresentou, de forma inédita, rodeado de toda a equipa técnica que comanda, Rúben disse claramente que podia jogar com dois avançados, ou com quatro defesas. Ou seja, ou muito me engano, ou Rúben sabendo e defendendo que Paulinho é excelente elemento como avançado, mas está longe de ser uma matador, um striker, pode estar a pensar em arranjar espaço para ter Paulinho e Slimani, não como alternativa um ao outro, mas a jogar ao mesmo tempo. Claro que mantendo Pedro Gonçalves e Sarabia, já tem quatro homens virados para a frente; como não prescindirá de Palhinha (que felizmente ficou) nem de Matheus Nunes, para compor os 10 jogadores de campo só lhe restam quatro. Coates, Gonçalo Inácio e Porro parecem-me indiscutíveis. Falta um do naipe Feddal, Matheus Reis e ainda Nuno Santos, Vinagre… sei lá. Devo avisar que sei tanto de táticas de futebol como de física quântica: compreendo as palavras, por vezes parece que descortino umas relações, mas no fundo não percebo patavina do assunto. Assim sendo, deixo a Rúben a tarefa de pensar onde há de encaixar os reforços, se no 11 inicial, se no banco, e de que forma.
 

A TAÇA DA LIGA II 

NA semana passada escrevi que o Sporting ia ganhar ao Santa Clara (quarta-feira passada, nas meias-finais) e depois conquistar a Taça, numa final contra o Benfica, que acabara de derrotar o Boavista nos penáltis. Felizmente correu tudo como previsto embora, paradoxalmente, me tenha parecido mais difícil derrubar o Santa Clara (os Leões haviam perdido 3-2 para o campeonato, nos Açores) do que o Benfica.
Contra os açorianos, tal como contra os da Luz, começámos a perder. Mas, para derrotar os primeiros foi preciso um autogolo do defesa do clube micaelense Villanueva depois de um cruzamento tenso e bem colocado de Nuno Santos, e um penálti que o árbitro, António Nobre, só viu nas imagens facultadas pelo VAR (um braço esticado do avançado Rui Costa, ali a fazer de defesa). A ação valeu um penálti e um cartão vermelho para o jogador da equipa açoriana. A calma do extremo espanhol ao serviço do Sporting, Sarabia, fez o 2-1 e arrumou o jogo, a partir de então contra 10.
Rúben Amorim teve a perceção certa: ganhar a final, além de ser um troféu com importância, era relançar o Sporting que vinha de duas derrotas em quatro jogos (Santa Clara, fora, e SC Braga, em casa). E frente ao eterno rival também o Sporting entrou a perder, depois de um golo de Everton Cebolinha. Mas a superioridade no jogo era de tal ordem, que penso que os próprios benfiquistas não acreditaram na vitória. E assim, logo a abrir a segunda parte, num canto marcado por Sarabia, Gonçalo Inácio, que em tudo substituiu Coates, até no golo, cabeceou para o empate. Mais tarde, aos 78 minutos, Porro, que entretanto entrara para o lugar de Neto (Esgaio recuou para a defesa) fez uma abertura de grande classe para Sarabia que, não com menos arte, fez o 2-1. Dois jogos que os Leões entraram a perder e venceram; dois jogos em que Sarabia se encarregou do golo que deu o triunfo.
E agora, sim, estamos lançados. Já para esta noite com o Belenenses SAD (ou falso Belenenses, como gosto de lhe chamar), e quatro dias depois, em casa, contra o sempre difícil Famalicão (o Sporting é especialista em escorregar com este clube) sempre à espera de um mau resultado do FC Porto que segue imparável. Até chegar o dia 11 (não falta assim tanto) em que o Sporting visita o Dragão. Esse jogo pode ditar muita coisa, sobretudo se os lisboetas conseguirem neutralizar os portistas.
Seja como for, o Sporting venceu pela segunda vez consecutiva a Taça da Liga e dos cinco troféus nacionais que podia ganhar desde o início da época passada - duas Taças da Liga; uma Taça de Portugal, um Campeonato e uma Supertaça - ganhou quatro. Nada no passado do Sporting, mesmo para quem, como eu, já vem do fim dos tempos (mas não tanto que tenha apanhado os Cinco Violinos), se compara a esta sucessão de vitórias. 
E depois, volto a Rúben. Porque para ele foi a terceira Taça da Liga seguida. Ou seja, todas as que disputou; a primeira pelo SC Braga, as seguintes pelos Leões. 
 

Slimani volta ao Sporting onde reencontra Frederico Varandas, agora presidente 


OS QUE VÃO E OS QUE FICAM 

NO balanço desta janela de transferências, que aliás detesto e acho pouco desportiva, no sentido de prejudicar as equipas mais pequenas e com menos dinheiro, o balanço que se pode fazer do Sporting é muito positivo. Da equipa inicial, chegando-se a temer que Palhinha saísse, acabaram por ficar todos; ou seja Adán; Gonçalo Inácio, Coates, Feddal, Palhinha, Matheus Nunes, Porro, Nuno Santos/Matheus Reis, Pedro Gonçalves, Sarabia e Paulinho. Além destes ficaram os muito utilizados Luís Neto, Esgaio, Ugarte, Daniel Bragança e Tabata. Também João Virgínia se manteve, como Vinagre, Essugo, Gonçalo Esteves, Nazinho, Marsà e Rodrigo Ribeiro. A estes somam-se, como já referi Edwards e Slimani.
De saída, Tiago Tomás, que manifestamente ficaria sem espaço para o talento que já mostra. O seu destino, o Estugarda, é um bom clube. Jovane foi para a Lazio e Catamo para o V. Guimarães. Todos por empréstimo com aquelas condições que, lá está, são para mim como a física quântica… João Goulart, Bruno Gaspar e Bernardo Sousa não eram utilizados. O primeiro foi para o Mafra; o segundo para o V. Guimarães, no âmbito do negócio Edwards, e o último para o Chaves. São jogadores novos, esperançosos, mas que, tal como Plata, que já tinha ido para o Valladolid por empréstimo com opção de compra, não tinham lugar na equipa principal.
A equipa reforçou-se e tem condições para lutar em todas as competições em que está envolvida - única equipa portuguesa em todas e já com uma Taça - ressalvando, claro, a Liga dos Campeões. Onde seria pedir mais do que muito. Seria exigir o impossível, como se reivindicava na revolta de Maio de 68, em Paris.


ELEIÇÕES  

Parece que entre hoje e amanhã fica completo o quadro de candidatos à presidência e corpos sociais do Sporting. Varandas já ganhou, cada vez mais. Ricardo Oliveira e Nuno Sousa marcam presença com legitimidade, claro, mas sem hipóteses. E de Nuno Sousa mais haveria a dizer… mas nem vale a pena.


VIEIRA  

O que foi fazer o ex-presidente do Benfica a Leiria, para a final da Taça da Liga? Pensaria que era amado pelos sócios? Ou passou a gostar de futebol ao ponto de não poder perder um jogo (que podia acompanhar pela televisão)? Acabou vaiado pelos benfiquistas… mas há pessoas que não aprendem (no Sporting é o mesmo). 


FUTSAL 

Portugal está nas meias-finais do Europeu e espera-se que revalide o título. O Futsal é hoje o que era o hóquei em patins na minha infância: o desporto em que temos sempre hipóteses de ganhar, embora nesta modalidade a concorrência não seja só com a Espanha, longe disso.