O arrependido Veríssimo

OPINIÃO05.02.202106:00

O arrependimento tardio do árbitro Fábio Veríssimo com a respetiva chancela de mea culpa tomou conta das notícias desportivas dos últimos dias. Assentou-lhe bem mas já não foi a tempo e eis que algumas comadres do futebol português ficaram com os cabelos em pé pois a não despenalização de Palhinha promove a dualidade na aplicação de critérios e acentua a desigualdade de tratamento entre clubes. Aliás, o Sport Clube União Torreense decidiu tomar as dores leoninas e, num sensível e interessante comunicado, exigiu mais clareza e transparência na defesa da verdade desportiva bem como a integridade das competições. Aproveitou para exemplificar com a despenalização de um vermelho direto aplicado à jogadora Carole Costa (SLB) num jogo frente à sua equipa feminina e para suspeitar da dicotomia entre aquilo que deve ser a decisão do árbitro em campo em consonância com o seu relatório e a necessária análise posterior das imagens. Mas ainda se discute se o Conselho de Disciplina da Federação é coerente? Desistam e aguardem por melhor pois só na última década assistimos a decisões disciplinares de tal forma contraditórias em tempo recorde que se chegou a duvidar que os seus membros fossem os mesmos. Ainda assim, tal não significa que devemos colocar no mesmo patamar (tal como o clube do Oeste intentou) a análise da atribuição de um amarelo à de um vermelho direto. Basta pensar que, atualmente, a amostragem direta do vermelho é imediatamente alvo de análise e revisão obrigatórias pelo VAR. E reforça-se que, tanto a nível disciplinar distrital como nacional, um dos princípios fundamentais nos regulamentos consiste na presunção de veracidade dos factos constantes das declarações e relatórios da equipa de arbitragem e por estes percecionados no exercício das suas funções (artigo 13.º, f) do Regulamento Disciplinar da Liga). Ainda para mais no que toca a processos sumários como o de Palhinha em que a decisão e o relatório o árbitro deve ser lei. Caso contrário, o Conselho de Disciplina teria que ser necessariamente composto por ex-árbitros para decidirem, por experiência própria e através das imagens televisivas, se é amarelo ou vermelho...