Nova época: desafios e oportunidades
Sporting é o favorito ao título (Foto Grafislab)

Nova época: desafios e oportunidades

OPINIÃO21.07.202408:30

Na Luz a contestação é grande. As (enormes) expetativas criadas no último ano junto dos adeptos encarnados acabaram, de facto, por não ter reflexo dentro dos relvados

Com o fim do Euro 2024 as atenções voltam a centrar-se nas competições internas. O ano desportivo que está prestes a começar não nos irá trazer uma alteração na dinâmica até aqui implementada, ou seja, teremos três equipas (Sporting, Benfica e Porto) que vão lutar pelo título, com uma quarta (Braga) à espreita e com ambições europeias. As restantes equipas têm como objetivo ter uma época tranquila e sem sobressaltos.

As indefinições

A poucas semanas do início da competição ainda existem muitas incertezas nos clubes que lutam por títulos. Esta é uma situação normal, sobretudo num ano de Europeu, em que o mercado se desenvolve com menor velocidade. Por norma, Sporting, Benfica ou Porto não necessitam de uma grande revolução nos seus plantéis. Os acertos são importantes e podem ser a chave para uma época bem-sucedida, ou não. Sporting e Benfica demonstram claramente isto que acabei de escrever. Com apenas três contratações, e duas delas muito certeiras (Hjulmand e Gyokeres), os leões foram completamente diferentes do ano anterior. De um quarto lugar no campeonato passaram para campeões. De uma equipa confusa e descrente, tornou-se num conjunto confiante e dominador. Já o Benfica, na época anterior, contratou muito, mas sem grande critério. As “pedras” não encaixaram na forma de jogar pretendida. Não foi por falta de qualidade (na maior parte dos casos) que tal sucedeu.

A missão do Sporting

O Sporting vive, nesta fase, um período de estabilidade. A direção não é contestada. O treinador mantém-se, é unânime e desejado por todos. As mexidas no plantel são reduzidas, embora a perda de Coates seja difícil de colmatar, no curto prazo, pela liderança que o central representava. Apesar de toda esta tranquilidade, este ano (ao contrário do anterior), o Sporting parte como favorito. Os adversários conhecem os pontos fortes do leão e irão tentar neutralizá-los. Acontece assim com todas as equipas que no ano anterior tiveram enorme sucesso. Ruben Amorim percebe isto muito bem e irá tentar desenvolver novas formas de jogar (testar outros sistemas táticos?). Nestes casos, é também importante conseguir contratar jogadores que ajudem a potenciar novos movimentos coletivos ou reforçar os automatismos existentes. Assim, a procura dos alvos certos que complementem a estrutura atual, a confiança no caminho definido, a gestão de expetativas e a forma como irá lidar com a pressão de ser, indiscutivelmente, favorito, são aspetos que terão muita influência na época do leão.

Benfica – um ano chave

Na Luz a contestação é grande. As (enormes) expetativas criadas no último ano junto dos adeptos encarnados acabaram por não ter reflexo dentro dos relvados.  A época 2024/2025 ganha ainda maior relevo porque no próximo ano irá haver eleições e isto cria ainda maior pressão a quem lidera e se quer manter no poder. Os resultados desportivos acabam por ser o impulsionador da euforia ou da contestação. No universo encarnado todos sabem que a manutenção de Roger Schmidt foi uma decisão racional, pelos valores do contrato e por ser o homem do projeto de Rui Costa. Contudo, também todos têm a noção do risco que está associado à sua manutenção no cargo. A margem de tolerância é muito reduzida, por parte dos adeptos, em função de uma gestão ineficiente do plantel, de más abordagens aos jogos, de incapacidade de ajudar a equipa dentro relvado ou de uma péssima comunicação. A juntar a toda esta incerteza, internamente e nos cargos diretivos, o ambiente não é melhor. O Benfica parte para o início desta época sem um responsável pela pasta financeira. Com a demissão de Luís Mendes ficou um vazio na estrutura encarnada. Para piorar, o ano que terminou deverá determinar um resultado negativo de algumas dezenas de milhões de euros, que nem a presença na Liga dos Campeões ou a venda de Gonçalo Ramos (por 60M€) conseguiram inverter. Conforme tenho vindo a mencionar, esta situação demonstra que, para ter resultados positivos, o Benfica necessita de vender, pelo menos, dois jogadores por um preço muito elevado e que no balanço tenham um valor contabilístico reduzido ou inexistente (jogadores de formação). Dito de outra maneira, os custos estão a aumentar de uma forma descontrolada (sem a devida correspondência das receitas fixas), sendo que este poderá ser mais um fator a contribuir para a crescente insatisfação que se faz sentir no universo benfiquista.

FC Porto – um desafio

O FC Porto está a atravessar uma fase diferente. Tem um novo presidente e um treinador que irá ter a sua primeira experiência como técnico principal. A tudo isto junta-se uma realidade financeira muito complicada, a que não ajuda o facto de estar fora da Liga dos Campeões. Como em todos os projetos, há pontos positivo e negativos. Do lado dos positivos está a ambição, a competência, o desejo de mostrar serviço e uma nova equipa diretiva que pretende trazer união, transparência e imprimir uma nova dinâmica a todo o universo Porto. Sem margem financeira, as contratações terão de ser cirúrgicas, sabendo que a qualquer momento poderá ser necessário ceder a uma venda de um dos principais ativos. A manutenção dos valores Porto como a garra, a atitude, o trabalho, a dedicação e a união, serão fundamentais para ultrapassar os obstáculos que se colocam no caminho do dragão, sobretudo no curto prazo. Do lado financeiro, ganhar credibilidade junto de parceiros e do mercado é a tarefa mais urgente.

A valorizar

Paulinho - Três jogos no Toluca e três golos. Um grande início na equipa treinada por Renato Paiva (técnico principal) e Nuno Campos (adjunto).

Pavlidis - Em dois jogos treino marcou 3 golos. Os jogos treino servem para melhorar a capacidade física e o conhecimento da equipa e dos colegas. Os golos são importantes para se ir libertando da pressão que está associada ao valor da transferência e à posição que ocupa.