‘Not sustainable’

OPINIÃO05.05.202306:30

Este negócio tornou-se excessivamente oneroso. O problema começou a colocar-se quando os dirigentes decidiram-no sustentar nestes moldes, alimentando-o e transformando o que era uma pequena bola de neve numa avalanche

Oadepto mais fervoroso reconhece que o futebol tornou-se num verdadeiro negócio que vem esfumando, a cada dia que passa, sentimentos de pertença e paixão. Este negócio tornou-se excessivamente oneroso. O problema começou a colocar-se quando os dirigentes decidiram-no sustentar nestes moldes, alimentando-o e transformando o que era uma pequena bola de neve numa avalanche. Basta olhar para a entidade bancária que está no backoffice da superliga europeia. Esta ideia não se desvaneceu por completo tal como Florentino Pérez gosta de recordar de forma híbrida e ocasionalmente. É notório que a ideia se encontra em stand-by para assistir a uma única coisa: se as top 5 leagues (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália) são realmente sustentáveis num futuro (muito) próximo. É curioso que o lançamento dessa superliga nomeou os seguintes membros do conselho de administração inicial: o já referido Pérez, cujo custo de construção do novo estádio do Real se prevê para valores entre os 800 e os 900 milhões de euros; Agnelli, ex-presidente da Juventus que renunciou ao cargo por falcatrua de ordem contabilística relacionada com salários de jogadores (ainda que a decisão desportiva esteja suspensa e tenham sido repostos os pontos suficientes para a Juve se encontrar agora em 3.º lugar da Serie A); Joel Glazer, do Manchester United, que está prestes a vender as suas ações ao Sheikh Jassim do Qatar (que ofereceu 5 biliões de libras por 100% do capital) ou a Jim Ratcliffe, que é dos homens mais ricos do Reino Unido); W. Henry, dono de um Liverpool altamente alavancado e que anda a testar qual o verdadeiro valor da sua entidade para poder decidir se aliena uma parte do capital da mesma (processo adotado pelo City em 2019 quando vendeu 10% do seu capital a uma empresa norte-americana por 500 milhões de dólares); e Stan Kroenke, dono do Arsenal, clube que não sabe o que é ganhar uma Liga inglesa desde 2003/2004 mesmo tendo gasto libras de forma obscena (por vezes num só jogador) ao longo dos tempos. «N’as pas d’argent» mesmo com três americanos super endinheirados. É só ler o documento do governo britânico de Fevereiro: «Sustainable future - reforming club football governance».