Não somos todos Paixão...

OPINIÃO28.05.202107:00

Desejamos-lhe sorte, como a todos os que foram protegidos pelo CA da Federação

P ARA colocar ponto final na carreira, o ex-árbitro Bruno Paixão surpreendeu-nos com um género de apelo ao seu próprio movimento #Me Too. Num comunicado público no mínimo curioso, o ex-internacional declarou que, em 33 anos de carreira, privou-se das banalidades da vida, buscou a excelência e aguentou de tudo sobre a sua própria pessoa: críticas, difamações e provocações. Terminou por assegurar que nunca teve imprensa amiga e que foi massacrado por um jogo em que errou muitas vezes. Enfim, críticas não faltaram ao longo dos anos sobre o seu desempenho. Só para aguçar o passado, relembro o desejo de Godinho Lopes (ex-presidente do Sporting) em 2012 para que o agora reformado árbitro fosse banido e do FC Porto, em 2019, a manifestar que Paixão tinha um problema com a imparcialidade. Desejamos-lhe toda a sorte na sua carreira fora do futebol como a todos os árbitros que, de uma ou outra forma, foram protegidos pelo Conselho de Arbitragem da FPF. Contrariamente ao que Paixão deu a entender, nem a imprensa, nem outra qualquer entidade singular, coletiva e até sindicalista, deve assumir as dores dos árbitros aquando do desempenho manifestamente pouco satisfatório ao longo das suas carreiras. Ao que erra, perdoa-se uma vez, mas não três. Neste enquadramento, vem a propósito a mais recente decisão do Conselho de Justiça sobre o protesto da SAD da UD Leiria contra o novo Estrela da Amadora SAD. Com 2 votos de vencido em 7, considerou como erro de arbitragem (e, consequentemente, errada aplicação da Lei 3 das Leis do Jogo) uma equipa jogar com 12 jogadores contra 11. Em 2015, quando ainda integrava o Conselho Técnico da AF Lisboa, foi mandado repetir um jogo distrital pelo mesmo erro crasso, gritante e grosseiro. Há que punir o erro para que não volte a suceder. Os artigos 108.º e 109.º do Regulamento de Competições da Liga permitem o protesto de jogos mas parece não haver vontade.