'Memphismania': clube amado por 'um bando de loucos' sente-se importante outra vez

OPINIÃO28.09.202408:30

JAM Sessions é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

Memphis Depay só jogou 47 minutos pelo Corinthians, divididos por dois jogos, ainda não marcou nenhum golo e, no entanto, mudou o astral do gigante clube paulista.

A memphismania que se gerou no Timão, clube amado por um bando de loucos de mais de 30 milhões de brasileiros, foi de fora para dentro: partiu do departamento de marketing e chegou ao campo de futebol.

Considerado a maior reforço europeu da história do Brasileirão – porque, ao contrário do compatriota pluricampeão Seedorf, não chegou em fim de carreira, ao contrário do francês Payet, ainda conta para a sua seleção e, ao contrário do dinamarquês Braithwaite, veio de um grande clube, o Atlético de Madrid –, o neerlandês começou por gerar um recorde de 14 milhões de visualizações num vídeo com a camisa alvinegra.

Depois, soube ser diplomático ao sublinhar que vinha para um grande clube e não para um mercado alternativo. E que sentia conexão com as raízes populares e até afro-brasileiras da Fiel torcida.

Com isso, fez com que as faixas idênticas à que usa na cabeça, comercializadas a cerca de 10 euros nas lojas do clube, se esgotassem uma vez e mais uma e depois ainda mais outra, em dias de jogo.

Tudo isto, repita-se, sem um golo sequer: com o Atlético Goianiense, para o Brasileirão, o atacante entrou aos 68’, mostrou alguns toques de classe, mas nada mais; e com o Fortaleza, na segunda mão dos quartos de final da Copa Sul-Americana, entrou aos 65’, já fez uma bela assistência, sim senhor, mas nada ainda de marcar.

Porque é algures entre a bancada, o banco de suplentes e o campo, num lugar difícil de definir, que a sua presença é marcante: com Memphis por perto, o Corinthians sentiu-se importante outra vez, depois de começar a temporada a perder consecutivamente sob o comando de Mano Menezes e, depois, já nas mãos do português António Oliveira, ainda ter tentado, mas não ter conseguido escapar da energia negativa em que se havia enredado.

Agora, com o ex-leão e ex-águia Carrillo e outros reforços contratados na janela de transferências, os corintianos afastam o fantasma da descida de divisão no Brasileirão e já sonham com títulos – afinal, faltam só três jogos para levantar a taça da Copa Sul-Americana e quatro para conquistar a Copa do Brasil.

«Ele é inteligente, está a treinar a 100 %, está a dar o máximo para se colocar em boa forma. Por sorte, a equipa em geral e os atacantes estão a responder bem, o que permite que, só aos poucos, ele vá entrando até chegar ao máximo», afirma Ramón Díaz, o terceiro treinador do clube na temporada.

«Jogar aqui é muito louco», disse, por sua vez, Depay, na flash interview do jogo com o Fortaleza, enquanto nas bancadas o bando de loucos cantava enlouquecido o seu nome não tanto pelo que ele jogou mas sobretudo pelo que ele significou.