Manta de retalhos
DEVIDO ao impacto da pandemia, a Liga NOS da época passada terminou mais tarde, mas chegou ao fim sem que se conhecessem danos de saúde em qualquer um dos seus agentes. Isso aconteceu devido a um conjunto de medidas firmes e sensatas: todos tinham que ser testados com frequência e quem acusasse positivo seria isolado de imediato; os restantes realizavam novos testes e, se estivessem aptos, iam a jogo. Simples, prático e eficiente. A decisão não dependia de delegados regionais de saúde nem variava de local para local. Funcionou bem e numa fase terrível, de muitas dúvidas e receios.
Com a habituação ao vírus e um conhecimento mais consistente das suas características, surgiram novas formas de atuar, salvaguardando (e bem) a saúde como o primeiro dos bens a proteger.
Em 2020/2021, o futebol passou a ser classificado como modalidade de «risco médio», o que, ao contrário de outros desportos (karaté, râguebi, etc), desagravou algumas das obrigações a que até então estava sujeito. Os testes ao Covid-19 passaram a ser «aleatórios» (Modelo 36/DGS); as decisões passaram para as mãos dos delegados locais/regionais de saúde.
No entanto, a Liga Portugal entendeu aprovar um protocolo mais exigente, que obriga à realização de testes, jornada a jornada, a todos os jogadores que estiveram na última ficha de jogo (na Liga 2, a obrigação de os realizar é de dois em dois jogos). Recomendou ainda a todas as equipas que realizassem testes gerais pelo menos uma vez por mês. Além disso, a monitorização que os clubes fazem é permanente e do mais profissional que existe no país.
De resto, nada mudou face a 2019/2020: surgindo casos positivos, isola-se quem está infetado e testa-se os restantes (48/72 H depois e ainda antes do jogo): se derem negativo, têm luz verde para avançar. A solução pode não ser a ideal, mas é a possível porque o calendário está estrangulado e não há espaço para adiamentos sucessivos.
O que se tem visto, no entanto, é que há decisões diferentes para situações idênticas. Depende da flexibilidade, experiência e sensibilidade de cada delegado regional. Enquanto no minho pode haver o entendimento que um/dois infetados implica a quarentena de todos (mesmo testando negativo), no Algarve pode decidir-se que seis/sete infetados devem ser isolados e os restantes podem ir a jogo se estiverem bem.
Esta incoerência não faz sentido e tem prejuízos incalculáveis. É preciso uniformizar decisões porque a competição é a mesma. A saúde deve prevalecer sobre tudo: se não condições, não há! Se há, que seja com regras iguais para todos.
PS - O jogo Fontainhas/Estrela da Amadora (na Ilha Terceira) teve a presença de alguns adeptos nas bancadas porque há uma norma das autoridades de saúde açorianas que o permite... permite a todos menos ao Santa Clara. Como é um clube do futebol profissional (que até testa muito e mais), está sujeito a outras contas. É o absurdo a tomar conta das boas pessoas.
Vamos lá a pegar nisto a sério, sff.