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Luta de galos

OPINIÃO07.04.202511:00

Direito ao golo é o espaço de opinião quinzenal de João Caiado Guerreiro, advogado

De um dia para o outro, Fernando Gomes, ex-presidente da FPF, e atual presidente do Comité Olímpico Português (COP), e Pedro Proença, ex-presidente da Liga Portugal e atual presidente da FPF, iniciaram uma luta de galos com, infelizmente, consequências negativas para o desporto português.

Pedro Proença concorreu e perdeu as eleições para o Comité Executivo da UEFA. Um lugar que Fernando Gomes ocupou durante anos e que Proença também desejava. Para tal, escreveu uma carta à UEFA onde informava que o antigo dirigente da FPF apoiava a sua candidatura. Não, afinal não, Gomes negou de imediato, junto dos representantes máximos da UEFA e dos presidentes das 55 federações, tal apoio ao seu sucessor. E acusou Proença de querer destruir o legado deixado pela anterior direção.

Se virmos bem, a eleição para o Comité Executivo seria sempre difícil, já que havia onze candidatos para sete lugares. Mas, sem o apoio do anterior presidente da FPF ficou quase impossível. Questiona o Caro Leitor: é um lugar assim tão importante? Trata-se de um verdadeiro conselho de administração da UEFA, previsto no art. 21.º dos estatutos, onde se tomam as decisões mais importantes para o futebol europeu. Cada federação nacional tem um voto, num processo mais ou menos democrático, que requer uma verdadeira campanha eleitoral. E boas relações com todas as federações nacionais. Ou seja, é importante, tão importante que obrigou o Presidente da Républica a intervir publicamente. E compreende-se, o futebol é um desporto e uma indústria. E é uma matéria que apaixona muitos portugueses. E os políticos gostam, evidentemente, de se associar a manifestações desportivas.

No fim desta polémica, nunca saberemos se foi a falta do apoio de Fernando Gomes que resultou na derrota. Até porque o funcionamento interno da UEFA é pouco transparente. O que sabemos, e repito o que já escrevi uns parágrafos acima, é que o futebol português saiu a perder, mas não sabemos ainda em que moldes. E fica uma questão no ar para todos pensarmos: será que este choque entre Proença e Gomes resultou das buscas na sede da FPF, resultantes da operação Mais-Valia? Todos nos recordamos que nesse mesmo dia a FPF anunciou uma auditoria aos mandatos de Fernando Gomes. E, nesse mesmo dia, Fernando Gomes foi empossado como presidente do COP. Ou seja, um dia que podia ter sido feliz acabou por ser um dia pouco simpático.

Uma certeza: a história está a começar. As investigações vão continuar, a auditoria vai arrancar, as cartas não serão esquecidas e a luta não vai terminar.

À data em que escrevo este artigo não sei o resultado do FC Porto-Benfica, nem o do Sporting-SC Braga, numa jornada imprópria para cardíacos. Mas o Direito ao Golo é para estas equipas, as mais competitivas do Campeonato. Uma delas vencerá, diria La Palisse. Eu digo que Sporting ou Benfica serão campeões.