‘Ils n’ont pas d’argent’

OPINIÃO19.02.202106:00

Desejo sorte e um poço de petróleo a quem quiser pagar o futuro salário de Messi

C EDO se percebia que o impacto do Covid no futebol iria ser catastroficamente perdurável. A receita de bilhética é inexistente e o produto resultante da venda de merchadising entra em declínio por se associar, maioritariamente, à venda física direta. E fruto da recessão global, as receitas dos patrocinadores habituais começaram a decair, passando-se a renegociar contratos. Pensem no imbróglio recente que a Mediapro criou quando renunciou aos direitos televisivos que adquiriu após ter falhado o pagamento de milhões à liga francesa. A sustentabilidade desta liga está moribunda: o Lyon quer cortar 25% nos salários dos jogadores e o Marselha quer a redução do número de clubes na Ligue 1. Restou a transferência de atletas para tentar manter viva a chama da receita direta dos clubes. Mas os preços pornograficamente praticados por este mercado nos últimos anos tiveram que ser alvo de redução, adaptação e correção inevitáveis. O caso de Messi não vai ser exceção pois sairá livre da Catalunha e a verdade é que desejo sorte e um poço de petróleo (que também está a perder valor) para quem lhe quiser pagar o futuro salário. Por cá, assistimos a um SLB a querer mostrar robustez financeira no verão passado através do aumento brutal de custos com a aquisição de jogadores e equipa técnica. Monstro com pés de barro? Assim parece perante o falhanço desportivo da Champions, Supertaça e Taça da Liga. Mas, acima de tudo, de caráter económico por se encontrar aparentemente disponível para desembolsar juros elevadíssimos através de uma entidade financeira para receber os valores devidos pelo Wolves e Espanyol. O ex-presidente do Sporting, José Roquette, bem referiu a inevitável abertura do capital a investidores externos e a Comissão de Diálogo Social criada pela Liga de Clubes deve ter ouvido: analisa-se a possível tipologia e entrada de investidores no futebol nacional tentando defender, ao mesmo tempo, a idoneidade, transparência e boa governação.