Futebol em momentos de transição

OPINIÃO07.04.202206:55

Pode ser considerado por muitos como ‘indústria’, mas nunca como uma área onde a exploração humana se possa perpetuar com injustiça

AO longo do tempo surgem ciclos de crescimento e de pacificação a que se seguem outros de confrontação, violência e guerra. As desumanidades sucedem-se! Povos vizinhos tornam-se os piores inimigos, aumentando os negócios de material bélico, combustíveis e alimentação, com milhares de vidas perdidas, grande sofrimento e muitos refugiados. O poder perdeu a noção das consequências. Como vai ser possível a reconstrução? A política internacional tornou-se um jogo sem arbitragens imparciais e fomenta-se o ódio nos vazios do esquecimento. Vai ser preciso um mundo novo e um sistema que impeça repetições insensatas. A Humanidade tem de se entender antes que seja tarde! A insensibilidade, o egoísmo, a prepotência e o medo impossibilitam diálogos. Mais uma vez tantos se deixaram desumanizar para agradar e obedecer a tão poucos, normalmente sem o mínimo entendimento do valor da vida e da paz. A grande maioria das atividades humanas sofreu abalo que julgávamos impossível. O futebol, como entendimento para além das diferenças linguísticas, foi mais uma das muitas vítimas inocentes. Nesses momentos é urgente que surja gente com inteligência e visão, decidindo alterações e tentando evitar prolongamentos de derrotas. Inesperadamente, colocou-se a questão: e se a Rússia saísse da UEFA para entrar na Confederação Asiática de Futebol (AFC), procurando evitar sanções? Essa Confederação (AFC) certamente aceitaria a integração da Federação Russa, que abandonaria a UEFA, em função da sua responsabilidade na guerra que vivemos, mas também pelas sanções que já está a sofrer e que não aceita. Convém recordar que a Rússia foi punida com impedimento de disputar o apuramento para a fase final do Mundial do Catar, que se realizará este ano. A federação russa foi sancionada com suspensões longas da UEFA e da FIFA, proibindo a participação de seleções e clubes russos nas diversas competições. Essa punição foi decidida por causa da invasão à Ucrânia. A FIFA pretendia analisar diversas questões com a Rússia apenas no verão! Curiosamente, o presidente Infantino afirmou que as suspensões a clubes e seleções russas seriam levantadas no momento em que as tropas invasoras saíssem da Ucrânia! Contudo, a situação de guerra mantém as penalizações entre as quais a inibição de competir durante dois anos. A sugestão de que a Rússia poderia apresentar proposta de adesão à AFC, com o afastamento da Champions, da Liga Europa, da Liga Conferência e passando a disputar as provas internacionais da Ásia, poderá ter sido apenas argumento de pressão, sem grande credibilidade, para reduzir as sanções atribuídas. Por outro lado, mantendo a discórdia com a UEFA e seus respetivos clubes, sobre os Mundiais de dois em dois anos, a FIFA volta a lançar o debate insistente para conseguir acordos, mesmo que a UEFA tenha anunciado a total discordância. Quanto ao Mundial de clubes, Infantino prometeu um novo modelo que se aguarda. No Congresso da FIFA, em Doha, representantes das Federações questionaram as questões humanitárias, a exploração dos trabalhadores sem proteção e o tratamento humano que deixa muito a desejar. Infantino, reconhecendo que «nem tudo é perfeito», acabou elogiando o trabalho efetuado! O futebol pode ser considerado por muitos como uma indústria, mas nunca como uma área onde a exploração humana e perseguições pela diferença se possam perpetuar com toda a injustiça. Uma  das decisões desse congresso foi a redução do número de jogadores a emprestar por clube: em 2022/2023 são 8, na época seguinte serão 7 e na época 2024/2025 fixar-se-ão em 6. A exceção a esta regra são os jogadores com menos de 21 anos ou os que sejam formados no clube.
 

Sérgio Conceição tem sabido colmatar saídas e lesões e título está próximo 


MODELO DE JOGO EFICAZ  

SÉRGIO CONCEIÇÃO revelou-se também como um talento para criar novos jogadores internacionais, em diversas seleções de futebol (dos respetivos países), entre 2018 e 2022: Sérgio Oliveira, Felipe, Alex Telles, Militão, Loum, Zaidu, Otávio, Diogo Costa e Vitinha. Para isso também atingiu patamares elevados em diversos índices (médias conseguidas nas 6 melhores Ligas Europeias): terceiro lugar nos remates à baliza, segundo lugar em termos de mais posse, primeiro lugar em passes no meio-campo defensivo e capacidade de ataque rápido. Tem feito da pressão alta a sua marca, com uma intensidade reconhecida, que permite muitas recuperações de bola e parte para o ataque construindo muitas oportunidades de golo. O jogo evoluiu, também em função do plantel, de uma dinâmica vertical para um jogo mais envolvente, a toda a largura e profundidade, o que potencia a imprevisibilidade: dar o máximo até ao último segundo. Mesmo com as saídas e lesões de atletas muito importantes e decisivos, conseguiu apressar a adaptação de jogadores estrangeiros ao seu futebol, potenciando qualidades e uma cultura tática mais alargada. Por isso a sua permanência deve continuar a ser fator de evolução constante, sempre com o objetivo de lutar pela vitória conseguindo defender com segurança, superando os problemas de lesões sempre inoportunas, e uma disponibilidade mental dos atletas para as funções que forem determinadas. Atravessou fases de enorme densidade competitiva e conseguiu as melhores e mais rápidas recuperações com o conhecimento e também com a raça do Ser Porto.  No meio-campo há jogadores que constituem uma plataforma giratória onde tudo se aperfeiçoa. Jogadores do FC Porto não se distinguem por idade, tamanho ou idioma, mas sim pela responsabilidade coletiva e pela exigência em cumprir as respetivas missões. Naturalmente que a continuidade de Sérgio será sempre a garantia de evolução. Um exemplo de profissionalismo do topo. O regresso da Liga vai iniciar a reta final que vai decidir títulos, apuramentos para provas europeias e descidas de divisão. É sempre uma fase que exige rigor e imparcialidade e na qual os árbitros também são decisivos na qualidade de jogo, com os máximos cuidados para evitar erros que podem subverter a dignidade competitiva. Utilizam-se estratégias que deveriam preservar os valores essenciais e não a habitual desinformação para tentar desestabilizar. Cada vez mais os jogadores e equipa técnica têm de salvaguardar o equilíbrio emocional, pois fatores de desestabilização vão ser dispensáveis mas usuais e, por vezes, roçando o ridículo. Na fase final da Liga deseja-se que todos os clubes sejam tratados da mesma maneira para não saírem penalizações que, por vezes, nos deixam a pensar se a data escolhida para aplicar e divulgar sanções podem não ter sido coincidência, o que seria lamentável. Apitar por simulações é um desperdício de investimento, falhas inaceitáveis e redução do ritmo de jogo, pois alguns árbitros deixam imagem de dificuldade em acompanhar a competição.


SORTEIO DO MUNDIAL DO CATAR-2022

Oprincipal sorteio ditou que não vão haver jogos fáceis. Há grupos mais ou menos equilibrados, o que, numa competição deste género, torna muito difícil fazer previsões, até pela localização, adaptação dos jogadores, clima e data da realização: fatores que sempre deixam marcas. O Mundial começa a 21 de novembro e termina a 18 de dezembro, originando um calendário muito exigente e intenso, no caso português com a Liga a começar a 7 de agosto (na semana anterior à abertura do Mundial) e os clubes a libertar jogadores para as seleções apenas uma semana antes do início do Mundial. Portugal iniciará a sua participação a 24 de novembro com o Gana, depois a 28 de novembro com o Uruguai e termina fase de grupos a 2 de dezembro com a Coreia do Sul. Temos valor para atingir uma distinta classificação. 
 

DESTAQUES DA LIGA 

APÓS a pausa para a Seleção, foram muitas as surpresas. Braga venceu o Benfica, BSAD derrotou Portimonense, Arouca ganhou ao Gil Vicente, Vizela superou Estoril, Boavista foi ganhar ao Famalicão. Tondela foi à Madeira vencer. Sérgio Conceição atingiu no FC Porto  56 jogos na Liga sem perder. Manter esta fase final do campeonato com dignidade é um dos principais objetivos. 


REMATE FINAL 

Sérgio Conceição (com a respetiva equipa técnica e staff) conseguiu superar as 187 vitórias de Artur Jorge, perseguindo agora as 214 de José Maria Pedroto.

Depois de ter perdido por 1-3 em casa do São Paulo, Abel Ferreira deu a volta ao resultado e venceu por 4-0, alcançando novo título com o Palmeiras.

As águias afirmaram que o VAR lhes retirou nove pontos. O mister dos leões respondeu ironicamente que o maior elogio foi conseguirem ser beneficiados. E não há processos nem inquéritos?