Filosofia
Jorge Valdano, em A BOLA, todos os sábados, dá-nos a entender que a filosofia não é tudo mas pode ser uma boa parte do futebol, tanto a nível do entendimento como da prática. Frederico Varandas quando escolheu o desconhecido Marcel Keizer foi por este caminho. O futebol do leão é de ataque, com a bola a correr a um-dois toques pela zona central, laterais projetados e cruzamentos para a área. Em termos ofensivos, a coisa está a correr melhor do que o esperado e os leões têm distribuído mais prendas do que as renas do Pai Natal. Na componente defensiva é que ainda há defeitos, porque quando a pressão alta não funciona na primeira fase de construção do adversário, os leões, normalmente, estão desposicionados e abrem-se crateras no meio-campo defensivo e nas laterais que convidam ao golo do adversário.
O problema pode resolver-se com um central rapidíssimo, que Mathieu já foi mas já não é; ou com um trinco tipo polvo, como era Paulo Assunção nos tempos de Co Adriaanse no FC Porto - um limpa pára-brisas que varria tudo. Mas, enquanto os defeitos do leão não são demasiados expostos - Keizer ganhou todos os jogos até agora - volta a filosofia, neste caso aplicada à prática, que, como diz Jorge Jesus, é o critério da verdade.
E a filosofia de os grandes pensarem mais nas suas virtudes do que nas dos outros diz-nos que, em Portugal, na prática, dá para ganhar aí uns 75 por cento dos jogos. Se esta ideia dos leões de querer comer o mundo dará para conquistar títulos com estes protagonistas não se sabe, mas julgo que não, pois estou convencido de que a equipa precisa de um pouco mais de equilíbrio. Mas é inegável que dá espetáculo. E espetáculo, no princípio e no fim, é aquilo que o futebol é, sempre foi e será, por mais que aqueles que não distinguem uma bola de futebol de uma melancia e passam os dias a vomitar sobre arbitragem nos tentem convencer do contrário.