Fernando Gomes, por ação ou omissão…
Fernando Gomes, presidente da FPF (Foto: FPF)

Fernando Gomes, por ação ou omissão…

Levanta fervura a luta pela FPF, enquanto que a possibilidade de Fernando Gomes pensar no COP já provocou alguma urticária, travestida de apartheid…

Está já na rua, de forma pública e notória, como se viu, aliás, exuberantemente, em tudo o que rodeou o Plenário das Associações Distritais, realizado em Castelo Branco no último sábado, a corrida à sucessão de Fernando Gomes na presidência da FPF. Um dos candidatos, Nuno Lobo, presidente da AF Lisboa fará amanhã a apresentação oficial da sua candidatura, e não deverá faltar muito para que Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, lhe siga as passadas, sem que para tal tenha de se demitir das funções que ocupa (à imagem do que fez o próprio Fernando Gomes, também ele presidente da Liga em dezembro de 2011, quando derrotou Carlos Marta nas eleições federativas).

O estado de excelência em que Fernando Gomes vai deixar a FPF, do ponto de vista desportivo, financeiro e patrimonial, é ao mesmo tempo um incentivo de monta para quem quer suceder-lhe, e uma tremenda responsabilidade, porque a fasquia colocada pelo presidente cessante até ao nível do Everest. Deveremos, pois, estar atentos às movimentações em curso, que passam pela necessidade de cada um dos candidatos lutar pelos 43 votos que lhe garantam a vitória na AG eletiva da FPF, que deverá realizar-se em janeiro ou fevereiro de 2025. Sobre esta matéria, logo que se conheçam em detalhe os programas dos candidatos e os seus apoiantes (o que muitas vezes é complicado, porque o voto é secreto e nunca há garantias de nada…) haverá muito que dizer. Para já, fica a certeza de que a contagem de espingardas está em curso, com a cadeira da presidência, na Cidade do Futebol, no ponto de mira.

Relativamente a Fernando Gomes, que integra o Conselho da FIFA, teve três mandatos de grande fulgor na FPF – a construção da Cidade do Futebol, juntamento com o título europeu de 2016 e a Liga das Nações de 2019 são apenas a ponta do icebergue de sucessos –, e tem sido aventada a hipótese de ser candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal (COP), que será liderado até março de 2025 por Artur Lopes, que acedeu ao cargo após a morte de José Manuel Constantino. Provas dadas de visão de futuro, sensatez nas contas, acesso direto ao poder político, independentemente de quem estiver no Governo, e capacidade de realização, não faltam, comprovadamente, a Fernando Gomes, qualidades que legitimam uma eventual presidência do COP. Não sendo certo que o ainda líder da FPF esteja disposto a avançar para o 36 da Travessa da Memória, em Lisboa, já se ouviram vozes dizendo que o facto de proceder do futebol (esquecendo até que a modalidade onde se notabilizou como praticante de alto nível foi o basquetebol) era um ‘handicap’ importante. Porquê? O futebol só falhou os Jogos Olímpicos de 1896 e 1932, tendo entrado, no feminino, a partir de 1996, o que afasta liminarmente esse argumento. Não sei se Fernando Gomes avança, ou não, para o COP, provavelmente outros candidatos competentes surgirão, e os votos irão decidir quem se encarregará de preparar Los Angeles/2028. O que sei é que é redutor, complexado e mesquinho aplicar uma espécie de apartheid ao futebol. Haja noção!