20 fevereiro 2025, 19:56
Samu furioso: «Parecemos crianças, não podemos fazer isto»
Avançado espanhol mostra toda a infelicidade com a exibição e o momento atual coletivos
Críticas de Samu mostram a montanha-russa emocional em que vive o plantel portista. Treinador confia na qualidade, mas exibições e resultados não animam sequer uma criança
O pontapé de bicicleta de Samu frente à Roma, que na altura deu vantagem ao FC Porto no play-off de acesso aos oitavos de final da UEFA Europa League, não foi só «um golaço» (citando Martín Anselmi), mas uma espécie de grito de revolta do avançado que não marcava desde dezembro. Depois de chegar à Invicta, Samu já foi herói e vilão, e teve de saber gerir emoções desde a primeira convocatória para a seleção A espanhola até à passagem pelo banco dos dragões.
Durante algum tempo, o sorriso do jovem de 20 anos destacou-se nos festejos dos muitos golos marcados, assim como a cumplicidade com Rodrigo Mora, um menino ainda mais novo e cujo talento começou também a revelar-se. Mas quando as coisas ficam mais difíceis, o avançado espanhol foi-se destacando pelas reações intempestivas, fossem elas um soco num painel publicitário, lágrimas ou rasgões de camisolas. Em Roma, do tal «golaço» até à flash-interview foi um instantinho e a fúria de Samu, desta vez, chegou através de palavras (sendo que, mais tarde, houve pedido de desculpa).
A montanha-russa emocional do avançado é, no fundo, um perfeito resumo da época portista e talvez até ajude a explicar grande parte do insucesso. Se é verdade que muito dificilmente o FC Porto teria qualidade suficiente no plantel para travar Dybala neste jogo, também não podemos esquecer que esteve a jogar com menos um jogador desde os 51 minutos, devido a atitude irrefletida de Eustáquio. A aprendizagem por via dos erros e o tempo de que Anselmi precisa para fazer evoluir o seu sistema têm esbarrado quase sempre numa tendência dos jogadores para a autossabotagem, que Samu resumiu assim: «Parecemos crianças».
20 fevereiro 2025, 19:56
Avançado espanhol mostra toda a infelicidade com a exibição e o momento atual coletivos
Não sei se foi a melhor escolha de palavras, uma vez que não tenho nada de especial contra as crianças, mas parece-me evidente que o próprio plantel tem noção das suas limitações. O FC Porto de 2024/25 tem não só jogadores muito jovens, mas também uma incapacidade de liderança que supera qualquer data de nascimento (Eustáquio tem 28 anos e quatro épocas de dragão ao peito...). O recém-chegado técnico argentino continua a dizer que tem material suficiente para melhorar as exibições e ainda lutar pela Liga (nem poderia afirmar o contrário), mas noites como as de Roma serão uma constante enquanto não houver confiança e capacidade para mais. Samu quer ter mais bolas para rematar à baliza, mas a revolta dos azuis e brancos continua a parecer andar à velocidade de uma... bicicleta.
Coitadinho. Deixa lá, vou oferecer uma bola só para ti. A humildade não tem espaço nessa casa.