FC Porto e os prémios da discórdia
A medida dos ganhos dos presidentes tem de ser o que ganham os jogadores e treinadores
A polémica está instalada com os salários recebidos pela administração do FC Porto que apresentou resultados líquidos consolidados negativos de 47,627 milhões de euros. Um valor negativo deveras importante e que, com as eleições à porta, está a gerar uma enorme polémica juntos dos mais notáveis associados do clube.
O clube da cidade do Porto veio esclarecer os prémios, mas as críticas não desapareceram. Segundo os azuis e brancos, os prémios, no valor total de 1,6 milhões de euros, entraram no exercício da época anterior, mas dizem respeito a três condições que foram cumpridas na época de 2021/2022, época em que «o FC Porto conquistou o título nacional de futebol e a SAD apresentou resultados francamente positivos». Sim, no ano passado os resultados não foram os mesmos, nem dentro do campo, nem em termos contabilísticos. Mas quem critica - toda a legitimidade para isso - esquece-se das muitas épocas extraordinárias do clube.
Os clubes e as SAD existem para ganhar ou, pelo menos, conseguir bons resultados, e nisso o Porto de Pinto da Costa é exímio. As remunerações de Pinto da Costa, de 1.152.000 euros (brutos), ou do presidente do Sporting, de 257.000 euros, também brutos, por ano, só são questionadas porque há quem queira os lugares deles. Sim, a diferença é abismal. Sim, o FC Porto SAD apresentou enormes prejuízos este ano, e a Sporting SAD resultado líquido positivo de 25,2 milhões de euros, mas ao mesmo tempo ninguém questiona os €3 M líquidos que, dizem os media, ganham Sérgio Conceição ou Rúben Amorim.
Ora não há dúvidas quanto à legalidade da remuneração dos presidentes dos clubes. As normas jurídicas aplicáveis são poucas logo, desde que a Assembleia Geral ou a Comissão de Remunerações aprove, não há questão sequer. Mais, os adeptos querem é que os clubes ganhem títulos, e o FC Porto tem conseguido isso, na era Pinto da Costa, como ninguém em Portugal. E, amigo leitor, não podemos medir os ganhos dos administradores dos clubes pela medida de pessoas como nós. A medida tem, naturalmente, de ser o que ganham os jogadores e treinadores e aí os presidentes não chegam sequer à média. E não há dúvidas que são os dirigentes que tomam as decisões mais difíceis, que negoceiam contratos, que gerem cada peça que compõe o puzzle que é um clube de futebol. Devem ser pagos, devidamente, por isso.
Não regressar, por favor
O Governo prepara-se para alterar, sobremaneira, o programa Regressar, que permitia a quem voltasse a Portugal pagar apenas metade dos impostos durante cinco anos. Pepe, João Mário João Moutinho, e outros, beneficiaram do regime. E os clubes beneficiam com a presença deles. E o Estado beneficia dos impostos, mesmo que sejam só 50%. Isso, ou nada, parece-me que é melhor 50% do que zero. As alterações a este regime, que se aplica a todos os que regressem a Portugal, sejam jogadores ou não, vai tornar mais difíceis regressos de Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou Danilo, a título de exemplo. Enquanto isso, a Espanha torna o seu regime dos Desplazados ainda mais competitivo, facilitando a vida aos clubes espanhóis, que podem gastar menos com a contratação das suas estrelas! E o futebol merecia mais: é das nossas indústrias mais bem-sucedidas e, para sermos francos, exigimos ao futebol muito mais que o que exigimos aos nossos Governos.
O Direito ao Golo vai por isso, e só pode, para a nossa Seleção que se qualificou para o Euro-2024 magnificamente.