Estrutura

OPINIÃO08.02.201903:17

Frederico Varandas ganhou as eleições no Sporting colocando o enfoque quase exclusivo do seu discurso no futebol e nas mudanças necessárias para que o leão começasse a ganhar com regularidade. Procedeu a alterações estruturais com reforço dos recursos humanos para que a base da pirâmide se torne mais sólida e capaz de lutar e vencer os rivais diretos. À frente da equipa principal tinha um treinador não escolhido por si e à primeira oportunidade (derrota em casa com Estoril de Liga 2) mais evidente despediu-o e contratou um quase perfeito desconhecido.

Keizer adaptou o futebol dos leões às suas ideias e estas resultaram aos primeiros jogos. As debilidades na defesa eram evidentes, mas como a equipa marcava como se não houvesse amanhã ficava sublimado aquilo que o futebol, no princípio e no fim, é: um espetáculo. Esta noção de espetáculo e entretenimento está na génese do desporto mas este, para bem e para o mal, evoluiu para uma indústria que envolve milhões que apenas são alcançados com sucesso desportivo. E o sucesso desportivo dificilmente será alcançado numa equipa com deficiências estruturais tão grandes a nível defensivo como o atual Sporting. E o sucesso defensivo depende muito mais do treinador do que o processo ofensivo, que em Alvalade também não é famoso, sobretudo porque a primeira fase de construção por vezes roça o caótico.

O plantel dos leões tem qualidade média inferior à dos rivais e isso explica a desvantagem na Liga. Mas é tão inferior ao SC Braga que justifique menos sete pontos? E é nisto que muitos sportinguistas pensam quando avaliam Keizer e é por aí que se adensam as dúvidas em relação ao treinador, que são cada vez maiores. Quando a qualidade do plantel não é muito profunda, o fator treinador tem peso decisivo no sucesso ou no insucesso.

P. S. - Cada vez que vejo um brunista falar depois de uma derrota lembro-me dos que falam no regresso aos tempos do Antigo Regime a cada aumento de impostos. Fico enjoado.