Este modelo de Justiça serve o futebol?
«Cartas na mesa», a opinião de José Manuel Delgado
O modelo em que se baseia a Justiça aplicada ao futebol português deve ser urgentemente revisto, no sentido de se tornar verdadeiramente célere e eficaz. O que aconteceu com Adán, que cumpriu um jogo de suspensão devido a uma sentença posteriormente declarada nula, mostra de forma cabal que o rei vai nu. Por mais que cada um dos órgãos da estrutura que compõe a justiça no nosso futebol reclame para si rapidez nas decisões, a verdade é que uma teia de possibilidades de recursos, a que recorrem sobretudo os mais ricos (à imagem da sociedade onde vivemos), porque os mais pobres não têm dinheiro para isso, acaba por tornar obsoleto todo o processo, tendo-se chegado ao ridículo de a um jogador de primeiro plano ter sido aplicada uma sanção já depois de ter terminado a carreira. Este é um problema sério, que mina a credibilidade das competições, e devia ser discutido deixando do lado de fora a clubite, em nome do superior interesse do futebol.
Depois da tempestade Rubiales, as Federações de Portugal, Espanha e Marrocos reuniram-se em Madrid para darem para o exterior um sinal de normalidade absoluta da candidatura dos três países à organização da do Campeonato do Mundo de 2030. Do encontro que juntou os presidentes federativos, Pedro Rocha, o anfitrião, por Espanha, e Fernando Gomes e Fouzi Lekjaa, por Portugal e Marrocos, saíram declarações de unidade, uma espécie de renovação de votos, numa altura em que esta candidatura se mantém na pole position para receber o Mundial/30. É evidente que o processo que envolveu Luís Rubiales, pelos contornos de que se revestiu, não beneficiou a imagem de Espanha — apesar da celeridade com que resolveram o assunto — e por consequência da candidatura, mas não haverá danos duradouros e o comboio está de novo nos carris. E lá chegará o dia em que a Ucrânia pedirá, oficialmente, para sair deste filme, pela impossibilidade prática que está a verificar-se, da agressão russa terminar antes de 2024, ano em que será tomada a decisão da atribuição do Mundial do Centenário.
PS — A Vuelta de 2024 sai de Lisboa e haverá três etapas em Portugal. Uma excelente notícia, mais do que para o ciclismo português, para quem gosta de ciclismo em Portugal. E são muitos...