Entre o apoio e a pressão – o papel dos pais no Desporto
Desportiva_MENTE é o espaço de opinião quinzenal de Liliana Pitacho, Psicóloga e docente no Instituto Politécnico de Setúbal
Uma nova época desportiva está no seu início e nunca é demais relembrar que prática desportiva é incentivada em toda e qualquer idade, mas na infância contribuí para desenvolvimento individual nas dimensões físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Mas para que o desporto cumpra a sua missão na vida destas crianças é necessário que os pais adotem uma conduta também ela adequada a esse mesmo desenvolvimento, principalmente no que ao desenvolvimento emocional e social diz respeito.
O envolvimento parental no desporto pode ser tanto um fator facilitador quanto um obstáculo para o desenvolvimento e sucesso dos jovens atletas, dependendo da forma como as expectativas e a pressão são geridas. Muitas vezes, ao querer o melhor, os pais escolhem modalidades com base nas suas próprias perspetivas, sem permitir que as crianças experimentem diferentes opções. A infância é uma fase de descoberta, e as crianças devem ter a liberdade de explorar várias modalidades, independentemente do talento. A criança não tem de treinar para no futuro ser uma estrela, ser o melhor ou ser profissional, isso pode nunca acontecer, mas o deporto continuará a cumprir a sua função, desenvolvimento de competências. O desporto deve ser visto como uma forma de promoção autodesenvolvimento e felicidade, e cabe aos pais controlar as suas expectativas, promovendo um ambiente positivo e sem pressão para resultados, onde as crianças possam crescer e aprender a gostar do desporto sem sentirem que estão sob pressão constante para atingir resultados ou expectativas muitas vezes irreais.
Deixam-se três estratégias base para que pais e educadores possam melhorar o seu desempenho nesta função no que ao desporto diz respeito:
1. Adotar um discurso que encoraje a prática desportiva, que enfatize a diversão e a melhoria contínua em vez da vitória, que valorize a autonomia em vez dos resultados.
2. Os pais devem moderar as suas expectativas em relação ao talento e sucesso dos filhos, adequá-las à sua idade, devem valorizar o esforço, a atitude e o progresso ao longo do tempo, em vez de focar apenas nos resultados.
3. Os pais devem evitar criticar negativamente o desempenho desportivo dos filhos ou compará-los com outros atletas. As críticas constantes ou comparações com colegas podem gerar sentimentos de insegurança e frustração e ter um impacto negativo na motivação da criança e na sua autoestima podendo trazer problemas a médio e a longo prazo na sua autoconfiança e saúde mental.