Entre Ioannidis e Neves: 'timing' de golpes
A esperança é maior na pré-época, mas a saída no timing errado pode ter consequências no entusiasmo
A pré-época é como uma sexta-feira. O dia mais otimista da semana encontra relação no período estival onde as esperanças são, de algum modo, renovadas, independentemente do passado recente.
Até mesmo quem vem da derrota mais dura encontra na pré-temporada algo sonhado. A hipótese de recomeço arrebata sobretudo adeptos e se com essa oportunidade vier alguma mudança na estrutura as desilusões passadas desvanecem-se lentamente, enquanto se há conquistas anteriores essas têm quase uma certeza de repetição.
É nestes mundos que vivem Benfica, FC Porto e Sporting.
Resultados e exibições deixaram adeptos ansiosos pelo próximo jogo e, daqui até ao Clássico da Supertaça, só mesmo um golpe de mercado pode abanar qualquer expectativa.
Na Grécia, o presidente do Panathinaikos nem quis ouvir Ioannidis. Em Inglaterra, os jogadores colocam pedidos oficiais de transferências; e por cá, joga-se de uma maneira se for para comprar e outra diferente se for para vender.
Dito de outra forma, os clubes usam estratégias para contratar jogadores e os adeptos criticam-nas por um lado e desejam que resultem por outro.
Imaginemos Ioannidis, então. O Sporting sabe que conta com a vontade do avançado grego e, por isso, sabe que tem um argumento de valor na batalha negocial. Faz parte de um plano, bastante comum até, para contratar jogadores. Ao fim e ao cabo, não terá sido isso mesmo que trouxe Viktor Gyokeres até Alvalade?
O reverso é o Sporting - ou outro qualquer clube - estar sujeito ao mesmo, e os seus adeptos olharem para a mesma situação com opinião diferente.
Há sempre quem entenda a ambição do futebolista, mas o adepto é o único personagem no futebol que se pode dar ao luxo de mover-se por paixão. Na maior parte das vezes, quando a estrela da companhia admite sair, sobretudo com a pré-temporada e todas as esperanças de um clube a serem alimentadas, a euforia transforma-se em desalento e a depressão instala-se.
Os clubes sabem disto muito bem, porque, como dizia, aproveitam-se e sofrem desta mesma maneira de fazer as coisas.
Têm de ser pacientes quando estão a comprar e, sobretudo, têm de saber gerir timings se estiverem para vender. Talvez seja isso que o líder dos gregos esteja a fazer, Não seria descabido que na Luz o fizessem também com o dossiê João Neves. Até porque, dizia lá acima, a esperança pode ser atingida por um golpe de mercado. Mas há semanas melhores para levar golpes do que outras…