E vamos a caminho da quarta taça em ano e meio!

OPINIÃO16.12.202106:00

O Sporting conseguiu 13 vitórias consecutivas em competições nacionais. Ou, se preferirem, 19 jogos sem perder; esta época tem apenas dois empates

TODOS sabemos que não há bem que nunca acabe, assim como não há mal que sempre dure. Quem for do Sporting conhece melhor a ideia do mal que nunca acaba, porque há mais de 40 anos que as vitórias têm sido oásis, autênticos pontos num deserto de resultados. Isto, claro, até chegar Rubén Amorim, que desde o início da época passada, a primeira que começou com ele no Sporting, venceu o Campeonato, a Taça da Liga, e a Supertaça. Não venceu a Taça de Portugal porque teve um acidente no Funchal, perdendo por 2-0 um jogo estranho contra o Marítimo, nos oitavos de final.

De qualquer modo, os restantes três troféus foram dos leões e de Amorim, que passo a passo se tornou a figura de referência do clube, sem com isso apagar a direção. Na realidade, se os sócios tivessem, por absurdo, que escolher entre Rúben e Varandas, o nosso presidente estava apeado. Não por ter feito algo terrível, pelo contrário, foi ele quem se atravessou por contratar Rúben a um preço que todos acharam demasiado e hoje todos acham barato; mas porque Rúben tem uma popularidade inalcançável.

Além de treinador, de responsável, é ainda o principal e melhor comunicador do clube. Se acaso quisesse comprar o Sporting, estou convencido de que uma Assembleia Geral o vendia, a ele e a ele só, acaso se comprometesse a fazer o que tem feito: dar-nos alegrias.

E as alegrias são já muitas, mesmo quando sentimos, cá dentro, como ele sempre sente, que poderíamos ter feito mais e melhor. Ainda assim, o dever cumprido é um sentimento não comparável ao seu contrário, ao incumprimento. Desde que o objetivo esteja alcançado, eventuais pormenores que poderiam melhorar o desempenho e os resultados acabam por ser debates académicos, ou semelhantes, que nada adiantam.
 

FOI O SPORTING?

JÁ perceberam que parte destas palavras vêm a propósito da nossa vitória por 1-0 em Penafiel. Há aspetos positivos a retirar do jogo (desde logo a passagem à Final Four, o modo como se diz em português final a quatro da Taça da Liga). Além desse feito, para um clube que foi campeão de Inverno em três das últimas quatro destas competições, poderemos ainda retirar algumas conclusões que não são despiciendas.

Em primeiro lugar, a solidez de João Virgínia, que a maioria dos adeptos não conhecia, mas que tem substituído Adán, por decisão do treinador, sem deixar indicações de que não estaria pronto para qualquer jogo;

Em segundo lugar, Matheus Reis, que me parece mais titular do que eventual. Tem sido impecável como central, não só nas ausências (como foi o caso no início do jogo) de Gonçalo Inácio e Feddal, mas também a jogar à esquerda, o lugar onde começou;

Em terceiro lugar, o mais jovem de todos, Gonçalo Esteves, que na ausência de Porro (uma das estrelas) e de Esgaio, soube manter o espírito. Melhor a atacar do que a defender, também ainda tem bastante a aprender;

Em quarto lugar - e nestes casos os quartos serão os primeiros - Manuel Ugarte que é extraordinário. Só de pensar que Palhinha ou Matheus Nunes pareciam insubstituíveis e, afinal, não são, dá uma tranquilidade incrível ao adepto dos leões. Ugarte é um segundo Palhinha e isto é dizer muito de quem chegou esta época e tem apenas 20 anos.

E, em quinto lugar, Tiago Tomás, que marcou o golo decisivo, depois de Tabata ter feito um remate que o guarda-redes do Penafiel defendeu como pôde. Precisava (e ainda precisa) de golos e de mais confiança, mas se acreditar pode ser um grande na equipa.

Dito isto, há que não esquecer o consagrado Neto, o grande capitão Coates, o esforçado Daniel Bragança, o ultrarrápido Nuno Santos, os intocáveis Sarabia e Pote e ainda Tabata que foi expulso neste jogo, ainda que não tenha entendido totalmente o primeiro amarelo. Ou seja, é possível que ele se tenha atirado para o chão na área do Penafiel, a simular um penálti; mas também me pareceu verdade que o defesa penafidelense lhe tocou no pé. Intensidade? Talvez! Mas nesse caso, além do VAR (que nesta fase ainda não existe e não se percebe porquê, a menos que seja para tornar a competição que Jorge Jesus mais venceu num torneio de trazer por casa), além do VAR, dizia, necessita-se um intensómetro. Com a roupa inteligente que por aí há à venda, não é feito impossível colocar um aparelho desses na camisola, nos calções, nas meias e nas botas.

Apesar - não há formas mais doces de o dizer - termos jogado medíocre na segunda parte, nem parecia este Sporting - a equipa cumpriu os objetivos. Desde que não pensem que o Gil Vicente é outro Penafiel, não há problema. Estamos onde queríamos.
 

ATÉ AO CITY

ATÉ recebermos o Manchester City de Pep Guardiola ainda temos tantos jogos pela frente que nem vale muito a pena andar a pensar nisso (embora a aselhice do sorteio nos faça pensar e muito). Para já o Gil Vicente, fora de casa, que não é pera doce; depois o Casa Pia, também fora, que é equipa mais consistente do que o Penafiel (poderemos ter aprendido alguma coisa). Estes são só até quarta-feira que vem. Depois ainda há o Portimonense em casa e Santa Clara (fora) com que se encerra a primeira volta. De novo fora, o Vizela, a abrir a segunda metade do campeonato, e o Braga em casa. O falso B-SAD fora completa os jogos até ao fim de janeiro, sem contar com os da Taça da Liga, que hão de ser em campo neutro (Leiria), o primeiro contra o Rio Ave ou Santa Clara e, vencendo esse, a final contra… à hora em que escrevo ainda podem ser Benfica, Guimarães, Boavista ou Braga. Enfim, é um calendário cheio, todo para ser preenchido também em janeiro.

Já em fevereiro, começamos, em casa, com o infausto Famalicão (equipa que tem sido invencível para nós, na Liga) e o FC Porto, no Dragão. Isto antes do jogo mais simples do mês, quem sabe se do ano: o Manchester City em Alvalade. Digo que é o mais simples porque ninguém tem grandes ilusões a propósito desta eliminatória. Claro que Rúben diz, e bem, que a hipótese de passarmos o City é pequenina, igual à que tínhamos o ano passado de vencer o campeonato. O jogo de palavras é astuto e dificilmente se encontraria melhor. Mas, proponho, desde já, que caso vençamos o City e passemos a eliminatória, se construa uma estátua ao treinador e aquele troço da 2.ª Circular, de onde se vê o estádio, se passe a chamar Avenida Dr. Rúben Amorim (Dr., porque ele tem agora todos os graus de treinador, penso eu). Seria uma homenagem simpática.
 

JOGAR FORA 
SORTEIO

A UEFA é uma associação que esperávamos ter, pelo menos, o nível da FPF. Mas não tem. A barraca do sorteio para a Champions - e os correspondentes protestos, desde logo, dos espanhóis do Real Madrid, são disso a prova. Aos madridistas no primeiro sorteio calhara o Benfica, equipa que eles se sentiam preparados para vencer; depois sai-lhes o PSG, que só vence quem jogar muito e com sorte. Ao Sporting tinha calhado a Juventus, que, apesar do currículo, não anda grande coisa… calhou-lhe agora o City. Já os da Luz pensam que melhoraram da primeira para a segunda extração, mas eu não tenho a certeza: o Ajax, que agora lhes cabe, não tem estados de alma… o Sporting que o diga. Mas voltando ao erro da UEFA, claro que o problema foi informático… e de um prestador de serviços (uff!!!! Assumir responsabilidades, nunca).


A VITÓRIA DE MAX 

Não sou muito dado ao automobilismo, mas o Grande Prémio do Abu Dhabi era daqueles que ninguém podia perder. Entre Verstappen e Hamilton, não tenho grandes preferências (embora tenha estado com o segundo em Silverstone, uma vez). Mas o modo como foi resolvida a corrida, com clara interferência do safety car e com uma autorização de ultrapassagem aos que estavam dobrados, que antes fora recusada, pareceu-me a futebolização da Fórmula 1. O problema, como se vê, é sucesso a mais.