É bom saber que se é eficaz com os jogadores do banco

OPINIÃO28.10.202107:00

Nesta fase de quatro jogos em 11 dias (por acaso todos em casa), o Sporting não tem deslumbrado, mas tem sido eficaz. Com o Famalicão pôs também fim a uma maldição

GANHAR ao Famalicão em casa não parecia difícil para ninguém, menos para o Sporting. E, palavra de honra, que me chegou a parecer impossível, até ter reparado que o árbitro auxiliar (vulgo bandeirinha) assinalara um fora de jogo no que seria o 2-2 mais injusto do mundo, construído em dois minutos.
Felizmente o árbitro auxiliar mostrou-se à altura, porque é inaceitável não existir VAR em jogos que definem as quatro equipas que podem ganhar a Taça da Liga. Logo aos 9 minutos, ou seja, 60 segundos depois do 1-0, ficou um penálti por assinalar numa jogada em que não se pode dizer que seja culpa do árbitro, devido à posição em que estava, mas que qualquer VAR, mesmo míope ou vesgo, detetaria. Houve mais erros, e se calhar também um penálti por assinalar, mas contra o Sporting. Porém, aquele que foi perdoado ao Famalicão, se convertido, colocaria os leões a vencer por 2-0  ainda antes dos 10 minutos. 
Hoje, um jogo sem VAR é quase uma relíquia. Fica-se à espera de saber se Feddal colocou em jogo o avançado adversário… Não se sabe exatamente, antes de ver uma repetição, se o defesa famalicense Penetra abriu os braços para aumentar a volumetria quando Sarabia chutou. Não se entende se há ou não há empurrão de Matheus Nunes sobre Riccieli na área do Sporting… Falta qualquer coisa. Bem sei que muitos adeptos do futebol dizem não gostar do VAR porque este retira as emoções próprias da partida. Pois bem, um jogo sem VAR é uma desgraça, é o cúmulo da suspeição.
Sobre o jogo em si há que dizer que Sarabia, mesmo jogando noutro lugar (depois da lesão de Tiago Tomás e perante o descanso de Paulinho), teve de fazer de ponta de lança. Viu-se que é bom a assistir; quanto a disparar e meter golos, não faz grande diferença de Paulinho, que também trabalha muito, mas pensa de mais. Neste jogo, aos 77 minutos, levou uma eternidade a pensar o que fazia com a bola, perto da marca de penálti e em posição de fuzilar a baliza… depois optou pela pior solução: passá-la a quem estava em pior posição do que ele. Não quero colocar em causa o talento de Paulinho e a falta que faz, mas é certo que o público, em Alvalade, já vai ficando um pouco farto das suas hesitações… e no entanto marcou aquele golaço ao Besiktas, vá lá uma pessoa compreender o mundo…
 

A DEFESA

MESMO assim, com um jogo que parecia tão descansado, levámos um golo. O Sporting, a equipa portuguesa menos batida em Portugal (na Europa já sofremos sete golos e em Portugal apenas cinco, com uma infinidade a mais de jogos). A culpa não foi propriamente da defesa, sendo que esta, mesmo sem o capitão, patrão e maestro da equipa, se mantém sólida. É bom ver Feddal e Gonçalo Inácio, com Neto, mostrarem solidez; é ótimo que João Virgínia, mesmo sem ter que defender quase nada e andando aos papéis no golo anulado, não comprometa na ausência desse esteio que é Adán; é magnífico que Vinagre e Esgaio mostrem o seu talento, mesmo quando (sobretudo Esgaio) há competidores como Pedro Porro; Ugarte esteve excelente no lugar de Palhinha, o homem que domina o meio-campo. Nuno Santos, que marcou um excelente golo (2-0), é mais constante, mas com Pedro Gonçalves e Sarabia tem menos hipóteses de jogar, o que não o impediu de ter feito uma bela partida; Sarabia no lugar de Paulinho (e ainda TT à espreita), Jovane e Tabata também são jogadores que muitos gostariam de ter, pela entrega e pelo talento. Enfim, é bom saber que aquele receio inicial de o Sporting não ter equipa para aguentar tantos jogos, estando em quatro frentes (Liga, Champions, Taça e Taça da Liga), não se revela justo. O Sporting tem um treinador muito competente e uma forma de jogar clara e simples. A equipa, constituída por quem for, joga da mesma forma (claro que com variações no talento individual). E isso, no futebol de hoje, é uma necessidade de qualquer equipa que queira ser vencedora. O chamado jogar de olhos fechados, cada um saber onde estão (ou devem estar) os outros. 
Já contra o Moreirense, jogo relativamente maçador que o Sporting resolveu com um golo de cabeça do inevitável Coates, depois de um canto marcado por Sarabia, a equipa mostrou que sabe não ser ansiosa. E isso é uma excelente notícia. O que há de comum nos dois jogos com três dias de intervalo, foi a quase ausência de oportunidades para o adversário e a solidez da defesa. Ainda que daqueles que entraram como titulares contra o Moreirense, só três (Gonçalo Inácio, Nuno Santos e Sarabia) tenham alinhado contra o Famalicão. E dois deles (Santos e Sarabia) em posições diferentes das que tinham tido. 
Certo, a equipa não é extensa, mas mostra-se flexível e segura. É caso para estarmos a gostar. 
 

«Basta olhar o estádio, de novo com público e sem aquelas claques ameaçadoras»


O CLUBE DOS MAÇADORES 

DENTRO do Sporting há um outro clube constituído por sócios que não sabem mais do que se tornar maçadores. Na última AG cruzei-me com um deles, membro da Direção de Bruno de Carvalho. Reparei que ainda está indignado por coisas de que nem me lembro. Ganhámos o último campeonato e a Taça da Liga. Estamos na Champions, onde o último resultado foi prometedor (4-1 na Turquia); estamos na Taça da Liga e basta-nos um empate com o Penafiel para irmos à final four; estamos na Taça de Portugal e vamos receber Varzim no dia 18 de novembro, depois de termos ganho ao verdadeiro Belenenses por 4-0, no Restelo; estamos a um ponto do primeiro lugar do campeonato, depois de já termos defrontado o FC Porto e o SC Braga, ao passo que o líder ainda não enfrentou nenhum dos maiores e viu-se aflito para vencer o Vizela, com um golo quase miraculoso, de colheita tardia.
O que está a correr mal? Nas modalidades temos boas prestações, veja-se no futsal, no futebol feminino, no basquetebol, no hóquei, no andebol… não vamos vencer tudo, claro, mas em nenhuma das modalidades estamos arredados da luta… 
Pronto! 
Mas há cerca de 400 sócios que monopolizam a palavra nas AG e acham tudo errado, tudo mal, tudo usurpado, tudo roubado e ainda mais nomes que não escreverei. Esses sócios ganham as AG onde, praticamente, só vão eles. Depois, a mesa da AG ou a Direção convoca outra, para confirmar ou infirmar esses resultados, e já aparecem seis mil, como no sábado passado, e mostram aos maldispostos, maçadores de profissão, que eles são relativamente poucos, ultraminoritários entre os sócios. Foi o que se passou com as vitórias de mais de 80% que a Direção obteve. Votam aqueles que gostam de Varandas e ainda os que não gostando tanto, não podem com aquele grupo. E sobre isto, é preciso fazer qualquer coisa. Já propus várias vezes que as AG fossem diferentes, mas parece que gostam de um estilo de Assembleia em que aqueles que se atreveram a enfrentar um dirigente que estava a arruinar o nosso Sporting são insultados ou ameaçados.
Mas basta olhar o estádio, de novo com público e sem aquelas claques ameaçadoras. Estão a voltar as famílias e as crianças. Mesmo contra o Moreirense, que não é um cartaz extraordinário, a assistência foi considerável e a tensão que se vivia antes da pandemia desapareceu. Felizmente!
Agora que o presidente da MAG decidiu não se recandidatar, e que as eleições de março ou abril do próximo ano se aproximam rapidamente, seria altura para as candidaturas sérias (a começar pela do próprio presidente e sua equipa) terem propostas construtivas para a vida do clube. Para extirpar de vez este legado com que ainda vivemos.
 

JOGAR FORA 

FC Porto – Há uma maldição no FC Porto acerca da Taça da Liga. Mas perder 3-1 nos Açores com o Santa Clara revela, talvez, mais do que uma simples maldição.

V. Guimarães – Com muita pena, devido a obrigações de outra ordem, não pude ver o V. Guimarães-Benfica. Por motivos diferentes não poderei ver em direto o Sporting-V. Guimarães, no sábado. Mas uma coisa é certa: torço a favor do V. Guimarães no primeiro jogo e contra no segundo. Mais equilíbrio é impossível…

Eleições – Aqui só falo do Sporting, já se sabe. A página é verde até mais não. Ora apareceram como candidatos às eleições do clube uns senhores estimáveis, talvez, mas cujo objetivo não se entende bem. Quem entender enfrentar a atual Direção, o que é democrático e estimável, apesar de talvez suicida, tem de explicitar bem o que o separa dela e o que faria diferente.