Dos últimos dias
Num jogo de sub-11 vários papás e adeptos insultaram e ameaçaram uma jovem árbitra
Depois do Jamorgate, a bonança: a Liga Portugal não perdeu tempo e meteu mãos à obra. Concluído o jogo do empurrão e após auscultadas entidades relevantes na matéria, foram finalmente tomadas medidas no sentido de impedir que bizarrias como aquela voltem a repetir-se. Nestas coisas, o melhor é prevenir para não ter que remediar, mas, convenhamos, mais vale tarde do que nunca. Aqui o nunca veio com celeridade, clareza e firmeza. Muito bem.
Ontem, num jogo a contar para o Campeonato Distrital de Juniores E - sub-11 (Dínamo B-ASCRD Casa Benfica Viseu), vários papás e adeptos, colocados fora do estádio (!), decidiram chamar tudo o que era nome à jovem árbitra que, a dado momento, teve o azar de assinalar um pontapé de penálti. Os insultos e ameaças, sem rosto mas gravados em vídeo, foram a amostra habitual do pior que temos por cá: gente mal formada, mal educada e mal amada, que ofende os outros como e quando quer, sem contraditório nem punição. São pequenos crimes cometidos a céu aberto que, dizem os conformados, «são normais, fazem parte». Não, não são. E não, não fazem. Pior apenas a probabilidade de que, ao lado de cada um desses infelizes, poderiam estar os pais ou amigos da Rita (que andava ali pelo meio apenas a fazer o seu trabalho). Demasiado mau, como sempre.
Um petardo foi lançado para o interior (?) do balneário da equipa de arbitragem, ao intervalo do GD Benfica do Ribatejo-GD Rebocho, jogo de seniores da II Divisão Distrital da AF Santarém. Os dois clubes, o conselho de arbitragem e a associação de futebol demarcaram-se rapidamente do episódio, condenando-o veemente. Fizeram muito bem, até porque não tiveram qualquer responsabilidade no que aconteceu. Mas a ideia de saber que um qualquer doente mental andou por ali com um explosivo na mão e atirou-o para a cabine dos árbitros... aterroriza. É tudo muito Síria style. Nem por cá faz sentido. Que o apanhem rapidamente e que seja responsabilizado exemplarmente, não vá a moda pegar. #terceiromundo
O Primeira Pessoa de ontem, da Fátima Campos Ferreira (RTP), teve como convidado o Presidente da FPF, Dr. Fernando Gomes (se não viram, recuem na box e passem os olhos, porque vale a pena). O genérico disponível no site do canal público diz tudo: «É discreto, diplomata e empreendedor. Poucos sabem que foi desportista e campeão de basquetebol. Mas, hoje, a sua principal marca é a gestão e a liderança. Fernando Gomes já foi Presidente da Liga e preside à Federação Portuguesa de Futebol há dez anos(...).» Na verdade, tudo se resume a uma ideia: havia um antes e um depois de FG no futebol português. Nenhuma pessoa de bem pode negá-lo. Honra lhe seja feita.
Não sou advogado do diabo, mas estranho que ninguém tenha culpado (ainda) o secretário de Estado do Desporto pelo que aconteceu no Jamor. É que, regra geral, tudo o que acontece de mau no mundo da bola é sempre da sua responsabilidade. A ironia da tirada serve apenas para reforçar convicção antiga: por cá é mais fácil atirar o odioso para os outros, do que chamar a culpa para si. Dar a cara, dar o peito às balas, assumir o erro é coisa de filme. What else is new?