Do futsal ao Porto, passando por mais duas vitórias

OPINIÃO09.02.202206:00

Em primeiro lugar, trate-se do maior feito: a vitória no Campeonato Europeu de Futsal; depois do que é também fundamental - a carreira do Sporting

Avitória de Portugal no Europeu de Futsal foi algo de épico. Não só porque, como já tantas vezes foi referido, se trata da segunda vitória consecutiva na competição, como também por sermos, pelo meio, campeões do mundo da modalidade. Mas podemos, se não acharem exagerado, juntar a estes títulos nacionais, o facto de ser um clube português a deter a Champions League de futsal, conquistada numa final contra o Barcelona. Por acaso (digo eu com um sorriso falsamente desinteressado) essa conquista foi do Sporting, a equipa portuguesa mais cotada na Europa e a terceira com mais títulos - conseguidos, precisamente, em 2019 e 2021. É bom que se veja que os bons resultados no Sporting, nos últimos anos, não foram só em futebol.

Por esse facto, talvez, Jorge Braz, o treinador bicampeão europeu e campeão do mundo, à frente da seleção desde 2010, escolheu, entre os 14 campeões que foram aos Países Baixos conquistar esta Taça, sete (não menos) jogadores do Sporting. Além de todas as homenagens aos restantes sete (dois do Benfica, dois do Braga, um do Nápoles, um do Barcelona e um do Valdepeñas), deixem-me registar aqui os nomes dos sportinguistas: João Matos (o capitão), Erik, Miguel Ângelo, Pany, Pauleta, Paçó e Zicky. Este, aos 20 anos foi considerado o melhor jogador da competição, sendo um provável sucessor, a prazo, dessa lenda que é Ricardinho, agora retirado da seleção, depois de ter sido ainda campeão do mundo. Ricardinho, registe-se, fez parte da carreira no Benfica e depois no Inter Movistar, de Espanha. Foi considerado seis vezes o melhor jogador do mundo e é ainda o melhor marcador de sempre de um Europeu.

Portugal, que nesta competição na Holanda nunca perdeu, conseguiu a proeza de ter duas reviravoltas épicas. De 0-2 para 3-2 contra a Espanha, nas meias-finais; e de 0-2 para 4-2 contra a Rússia, na final do campeonato. É um feito impressionante e inspirador para qualquer atividade. Com organização, planeamento e boas condições de trabalho (tanto dos clubes como da Federação) estamos sempre entre os melhores.
 

Portugal sagrou-se no domingo bicampeão europeu de futsal, em Amesterdão


A CAMINHO DO PORTO

SEXTA-FEIRA joga-se no Dragão, não o jogo do título mas uma partida que pode definir muito o desfecho do nosso campeonato de futebol. O FC Porto-Sporting pode deixar os portistas nove pontos à frente, ou uns escassos três, dependendo do resultado. Claro que a vitória do Sporting seria um impulso enorme para a possibilidade de se renovar o título. Um empate, deixando tudo na mesma (seis pontos de distância), nada resolve, embora sejam os dragões a ficar mais confortáveis. Uma derrota do Sporting quase dará o título aos portistas.

Nos dois jogos que se sucederam à vitória na Taça da Liga, sobre o Benfica, o Sporting voltou às vitórias claras, o que é um bom indicador. Com a equipa completa, foi ao Jamor, há uma semana, vencer o B-SAD por 4-1, com dois golos de Paulinho (houve quem dissesse que foi o efeito Slimani), um golaço de Pedro Porro e um de Sarabia. Domingo passado venceu (finalmente!) o Famalicão num jogo da Liga, por 2-0, num encontro bem mais difícil. Sarabia marcou de penálti, mas mesmo no fim da primeira parte o árbitro assinalou um penálti a favor do Famalicão. Com uma defesa fantástica, Adán manteve o 1-0. O jogo só ganhou tranquilidade quando Matheus Reis, com o remate fora da área e muito colocado, fez o seu primeiro golo ao serviço dos Leões. Pelo meio, Porro, num assomo de entusiasmo, levou um cartão amarelo que o impede de jogar no Porto; Slimani entrou (não para o lugar de Paulinho, mas de Sarabia), ficando Paulinho a jogar à esquerda; Ugarte fez uma grande partida quando aos 59 minutos rendeu Palhinha e, de um modo geral, a equipa mereceu a vitória e mostrou estar preparada para defrontar o Porto. Aliás, nesta jornada (21.ª) ganharam os três grandes, o que já não acontecia desde meados de dezembro, na jornada 15.


AS ELEIÇÕES

FICARAM fechadas as listas para as eleições do Sporting, a 5 de março. Pode parecer que não têm importância nenhuma, mas é interessante acompanhar as candidaturas. Para além de  Varandas, que tem o pleito praticamente ganho (seria preciso uma catástrofe para perder a votação), os dois outros candidatos trazem propostas interessantes e que podem ser aproveitadas; outras são autênticos disparates.
Entre as propostas que subscrevo, estão três de Ricardo Oliveira. A saber: a existência de segunda volta, se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos; a limitação a três mandatos para o presidente do clube (alargaria este conceito a outros cargos eleitos, nomeadamente os executivos da Direção e da Mesa da AG); e a separação do Conselho Fiscal do Conselho Disciplinar. Aliás, nestas páginas já defendi estas alterações, e muito mais.

Já não entendo a proposta que prevê a possibilidade de os sócios expulsos serem reintegrados. Por um lado porque nos atuais estatutos está prevista essa hipótese, no artigo 30.º, alínea c), sob o título geral de readmissão de sócios. E cito: podem reingressar os antigos sócios «expulsos ou suspensos, mediante processo disciplinar, quando, em Assembleia Geral expressamente convocada para o efeito, for aprovada a sua readmissão por maioria de dois terços dos votos expressos».
Quer isto dizer que o seu regresso necessita de maioria qualificada, o que faz sentido. Não se pode andar a expulsar e a reintegrar sócios consoante as preferências de cada direção.

Por outro lado, quando se afirma que a reintegração de sócios é para promover a paz no clube, gostava de relembrar que o clube vive, finalmente, em paz. Não viveu durante os tempos em que um senhor, que anda a fazer figuras vergonhosas num programa de televisão, foi presidente. Foi suspenso e expulso por uma larga maioria de sócios. Se de Nuno Sousa, o outro candidato à presidência do Sporting, nem tenho dúvidas de que foi (e será ainda) apoiante do tal senhor, de Ricardo Oliveira gostaria de ouvir quem quer ele reintegrar. Sinceramente, admito que haja sócios que foram expulsos sem razão e que apoie a sua reintegração (com todos os votos que Nuno Sousa me quer tirar); acaso isto seja um piscar de olho aos muito raros adeptos do tal senhor, lamento mas só posso condenar tal iniciativa. O clube ficou melhor, mais sadio e limpo sem ele. Ele já disse que o Sporting tem os sócios mais estúpidos do mundo. Escusamos de lhe dar razão…
 

PENÁLTIS

Acho um piadão quando os porta-vozes do Porto, esse clube imaculado, vêm reclamar repetições de penáltis porque um defesa sportinguista tinha um pé dentro da área quando Sarabia chutou para o golo, contra o Famalicão. Mas quantos vídeos querem eles ver de penáltis marcados pelo Porto em que aconteceu o mesmo? E quantos árbitros mais para lhes explicar que aquele defesa teria de ter interferência no golo para ser repetido o penálti?
 

MINHO

No grande dérbi minhoto, o Guimarães venceu o Braga por 2-1. Independentemente disso, o Braga continua em quarto lugar, com mais quatro pontos do que outra equipa do Minho - o Gil Vicente, de Barcelos -, que por sua vez tem mais quatro pontos do que o Guimarães. Mas ainda há o Vizela, que, do Minho, foi ao Porto empatar 2-2 com o Boavista, e o Moreirense, também do Minho, que venceu 4-1 ao B-SAD, além do Famalicão que perdeu em Alvalade, mas que tem excelente equipa. Ou seja, seis equipas minhotas, duas em zona europeia e três fora da linha de descida, em 18 equipas da Liga… não há outra região assim. Um terço dos clubes são do Minho.
 

PORRO

Um estremenho de Don Benito, Badajoz, tem sangue na guelra. Vai fazer falta contra o Porto, mas é de assinalar que ele parece ser o maior sportinguista do plantel. A avaliar pelos saltos e visível contentamento que demonstra quando a equipa ganha… melhor que ele só o Paulinho. O roupeiro, claro.