Do ‘e um grande jogo na Champions’… à vergonha caseira
Calma, não pensem já que estou doido. O grande jogo na Champions foi do Manchester City. O Sporting… bem o Sporting esteve em campo
O que se pode esperar de um jogo contra o Manchester City? Que acabe! Sobretudo quando com uma certa pontualidade (e pontaria), o City fez, na primeira parte, 1-0 aos 7 minutos; 2-0, aos 17; 3-0, aos 32 e 4-0 aos 44. Não é a sequência de Fibonacci, a complexa lei de ouro da matemática, mas a sequência de Guardiola, numa equipa em que três jogadores bastavam para valer toda a equipa do Sporting.
Disse bem Rúben que ele estava na instrução primária e Pep Guardiola era um universitário, um catedrático. Sim, foi. E, se na segunda parte só marcaram um golo (e que golo de Sterling, meu Deus!), foi porque a rapaziada de azul quis descansar, ou jogar à rabia com o Sporting, ou qualquer coisa assim. De resto, como jogou o Sporting? Não se pode dizer que jogou mal; o problema é que nunca teve bola para jogar e, nas vezes em que a apanhou a jeito, os nervos falaram mais alto, e desperdiçou-a.
É uma lição - Coimbra também é, e não tem mais turistas por isso - e é sobretudo a imagem do futebol português face aos tubarões europeus; sobretudo face aos grandes tubarões. Podemos ter um desarrincanço, de vez em quando; um toque de calcanhar de Xandão, mas no geral somos massacrados. E bem. Poderia dizer que o Sporting teve azar - e teve - em dois golos que levou; podia dizer que Bernardo Silva não marcará muitas vezes um golaço como foi segundo da equipa, e o seu primeiro (bisou); o que não posso dizer é que o Sporting ia marcando um golo ou que o guarda-redes dos citizens fez uma grande exibição. O Sporting não rematou uma única vez; nem um canto marcou! E pronto, foi isto.
No final, os adeptos perceberam que a equipa é aquilo; que dá para em Portugal fazer uns brilharetes e ganhar jogos justos e bem disputados. Pode até vencer equipas turcas ou, mais dificilmente de outro país qualquer. Mas, quando toca a estes níveis, é o que temos. Por isso, no fim do jogo e já depois do jogo acabado, a equipa e Rúben e todos os sportinguistas foram aplaudidos durante largos minutos.
Se todos os adeptos forem como eu, preferem perder 0-5 assim do que empatar 2-2 com o FC Porto do modo que empatámos. E por falar nisso, e nada ter a dizer do árbitro croata, seco, imperativo, decidido e justo, passemos às nossas…
CENAS TRISTES
DEIXANDO a Europa, foquemo-nos no que se passou no Dragão, sexta-feira passada. Os golos foram lindos de se ver, e o segundo do Sporting é mesmo uma obra de arte. Devia ser mostrado em video walls, ou qualquer espécie de ecrãs gigantes, num loop contínuo, num museu. Se não for noutro, no museu do Sporting.
Mas este jogo bonito, jogado por profissionais de futebol que ganham, em termos relativos ao dos comuns mortais, autênticas fortunas pode ser estragado. Por eles próprios, ao perderem a cabeça, mas sobretudo, como foi o caso, pelo árbitro e também por dirigentes desportivos, que podiam estar calados, e ainda por trabalhadores vários, dos painéis publicitários, aos apanha-bolas. No entanto, por norma, quando um encontro acaba com tudo à estalada, podemos apostar singelo contra dobrado que foi devido ao árbitro não ter mão no jogo.
João Pinheiro pode ser, na atualidade, o melhor árbitro português. Pode ser o mais honesto e o mais íntegro. Isso diz mais da arbitragem do que de João Pinheiro. Mas vejamos: os seus erros foram vários, é certo que com protagonistas de ambas as equipas, mas do meu modesto ponto de vista, com muito mais facilidade a mostrar cartões ao Sporting do que ao FC Porto. Alguns mostrados sem motivo, como o primeiro a Coates (e podemos discutir se no segundo houve razão) e a Palhinha, durante o jogo. Pinheiro permitiu as picardias entre os jogadores, caiu em todas as armadilhas que estes lhe montaram.
Pensou que a autoridade seria conseguida por mostrar logo no início da partida um amarelo a Matheus Reis. Qual o quê! Se mantivesse o critério, quase toda a equipa do FC Porto seria advertida. De modo que alargou e foi alargando, tendo o jogo terminado à batatada com o seguinte registo: Sporting - dois vermelhos diretos, um vermelho por acumulação de amarelos e mais quatro amarelos; FC Porto - dois vermelhos e três amarelos. Ou seja, o Sporting deu muito mais trabalho a João Pinheiro; teve de ir ao bolso oito vezes, ao passo que para o FC Porto só foi cinco. É um retrato possível de um jogo mal dirigido, sem classe…
Claro que os clubes, e em particular o FC Porto, neste caso, têm de perceber que nada vale um espetáculo que só desprestigia os intervenientes. E, muito embora eu tenha visto um jogador do Sporting agarrado à cara quando levou com a mão no peito, vi muito mais do lado do FC Porto. Até os encarregados da publicidade se meteram ao barulho e agrediram jogadores da equipa de Lisboa… enfim uma vergonha repleta de cenas tristes.
Palhinha tenta travar ação de Sterling. Sem grande sucesso...
UM TEMPO QUE ACABOU
É bom que no FC Porto se saiba que há um tempo que acabou; o tempo dos cafés com leite, de compras e vendas de árbitros. O que esta semana chegou às notícias, referente a Bruno Paixão e às suas relações com o Benfica, são desse tempo. Paixão foi impedido - e bem - de apitar jogos do Sporting, exigência do presidente à época, Godinho Lopes. Aliás o FC Porto também teve razões de queixa do mesmo árbitro. Ontem ficámos, entretanto, a saber que a «agressão com uma estalada» (João Palhinha) vale mais um jogo de suspensão do que «pontapear um adversário praticando um ato de conduta violenta» (Marchesin).
Ao passo que em Lisboa os tribunais e as investigações vão andando, no Porto o que se passou no Apito Dourado foi uma vergonha. E ainda que Jorge Nuno Pinto da Costa tenha sido ilibado na dita justiça desportiva (os silêncios da Liga e da FPF são eloquentes) e na Justiça propriamente dita, tal como Valentim Loureiro, à época presidente da Liga, e o seu filho João Loureiro, o que ficou foi um ambiente de suspeição geral no futebol. Esse ambiente tem vindo a mudar, com destaque - digo-o com tanto orgulho como vejo ser a verdade - para o Sporting. O Benfica, desfazendo-se de Luís Filipe Vieira, seguiu, igualmente, um caminho mais correto. Só o FC Porto mantém os velhos hábitos e o velho presidente. Sérgio Conceição quis defendê-lo das muito oportunas palavras de Frederico Varandas no fim do jogo, mas só conseguiu dizer que ele é o mais titulado presidente do país. Pudera! Mesmo internacionalmente, o FC Porto tem títulos que não se contestam; e nem se coloca em causa o mérito do FC Porto desportivamente, como a qualidade dos seus jogadores e treinador. O método de fazer as coisas por parte da estrutura é que é deplorável. O mesmo poderia dizer - e disse - do meu clube, o Sporting, há alguns anos. Mas se os portistas não entendem que assim não vão a lado nenhum, que se há de fazer?
GARAGEM
Não comento os acontecimentos relatados na garagem do Dragão, porque os relatos são contraditórios. De qualquer modo é bom que peçam as imagens das câmaras de vigilância, que devem existir. Se acaso estavam avariadas ou inoperacionais nesse momento, seria motivo de grande suspeita.
CABEÇA FRIA
Apretensa necessidade de comunicar muito depressa leva a atos irrefletidos. Penso que o primeiro comunicado do Sporting apontava factos mais graves do que aqueles que constam nas queixas formalmente apresentadas. Se assim é… é pena.
MADRID
No dia 9 de março, quem for muito do Sporting, verá a continuação do massacre de Manchester; quem gostar de emoção pode ver o Real Madrid-PSG. Os parisienses venceram a 1.ª mão, disputada ontem à noite com um golo de Mbappé aos 90+4 minutos, que assim desfez o 0-0 que teimava em persistir, mesmo após um penálti falhado de Messi.00:14 16/02/2022