Do 1 ao 111

OPINIÃO05.09.202107:00

Ronaldo levou Portugal às costas. Quando marcou o golo da vitória também eu teria tirado a camisola e levado o cartão amarelo

Na passada sexta-feira, na companhia amiga, solidária e sempre próxima do Nuno Lobo, fui (fomos) ao Estádio do Algarve para assistir ao jogo com a República da Irlanda. Foi ir e regressar, nessa noite, a Lisboa, também à Ericeira. Foi um jogo de sofrimento. Dominámos, lentos, mas não fomos eficazes. Desperdiçámos oportunidades e demos alento, e convicção, aos irlandeses. E de repente, quase que num ápice, Portugal salvou-se de uma derrota caseira na qualificação para o singular Mundial do Catar. E, como aconteceu inúmeras vezes nos últimos dezassete anos, Cristiano Ronaldo virou o resultado e levou Portugal a somar mais três importantes pontos e continuar a legitimamente sonhar com o primeiro lugar do grupo e, logo, com o apuramento direto para a o Mundial no quase inverno de 2022. E com a vitória ontem da Sérvia temos de vencer o Azerbaijão. E ontem frente ao Catar, e para além da vitória, fica a estreia de sonho de Otávio! Coroada com um bonito golo! Mas na quarta-feira Cristiano Ronaldo, então a cruzamentos  de Gonçalo Guedes e de João Mário, levou Portugal às costas e tornou-se o melhor marcador de sempre em seleções nacionais. Quando, no limite do tempo extra concedido, marcou o golo da vitória também eu teria tirado a camisola e levado o cartão amarelo. Todos nós respirámos de alívio, todos nós aplaudimos o nosso capitão e alguns dos sete mil e poucos presentes, com máscara, abraçaram-se e acompanharam o CR7 - também, de novo, no Manchester United! - no seu grito , na sua sede de golo, na sua vontade de ganhar!  Ultrapassou, com os dois golos no Algarve, o iraniano Ali Daei e entra uma vez mais, com outro feito, na história do futebol mundial. E recordo que o primeiro golo com a camisola das quinas aconteceu no jogo de abertura do Europeu de 2004.

Sim, também estive nesse golo 1 de Cristiano Ronaldo. No Estádio do Dragão e com uma derrota frente à Grécia, a seleção que havíamos de reencontrar para nossa dor, e desespero, na final desse Europeu que organizámos e que permitiu a construção de novos estádios, como igualmente o da Luz ou de Alvalade, do Algarve ou de Braga, de Leiria ou de Aveiro, entre outros. E com alguns, como estes últimos, a serem um transtorno financeiro para as respetivas autarquias. Mas importa recordar que a carreira de Cristiano Ronaldo arranca a 20 de agosto de 2003 num particular com o Cazaquistão e que Portugal, sob a liderança de Luiz Felipe Scolari, vence por um a zero. Esse agosto de 2003 marca  a história pessoal de Cristiano Ronaldo. A 6 de Agosto, dia da inauguração do novo Estádio de Alvalade, o Sporting vence o Manchester United, de Sir Alex  Ferguson - determinante para este regresso a Old Trafford - e com uma exibição extraordinária o miúdo de 18 anos convence toda a estrutura do Manchester e herda a camisola e o número de grandes nomes, como George Best , Cantona ou Beckham. O que sei é que não seremos muitos os que vivemos o momento 1 de Cristiano Ronaldo na seleção e os que vibrámos com os golos 110 e 111 de Cristiano Ronaldo com a camisola de todos nós! E com ele diz «gosto do que faço, sou uma pessoa feliz»! E «confio nas minhas capacidades, e sou uma pessoa que gosta de desafios»! E esta autoestima, que o marca e o identifica, que Boloni, seu treinador, já realçava, é um dos traços deste percurso notável e que o levou, no Algarve, a tornar-se o melhor marcador de sempre em seleções nacionais. O que sei é que estive lá. No golo 1. E agora nos golos 110 e 111. Nestes que o levam a um marco histórico e fica na História do futebol mundial! E mais golos serão marcados nos próximos anos! Com o número 7 de Portugal e do Manchester!

O Benfica vai a eleições a 9 de outubro. Rui Costa será candidato e será, salvo circunstâncias extraordinárias, que não vislumbro, o próximo presidente. Em unidade estratégica, acredito! A atual estrutura de comunicação, sob a liderança de José Eduardo Moniz e a coordenação de Pedro Pinto, é eficaz e profissional. Sabe bem o que  quer, o que não permite, escolhe novos protagonistas e cria um espírito em que o passado reconhecido - grandes glórias! - se combina com novos protagonistas. Estou certo de que a BTV não deixará de acompanhar, em pluralismo, o próximo ato eleitoral. Por mim, que nas anteriores  eleições defendi que a BTV deveria ter promovido debates entre as candidaturas concorrentes e coberto as suas iniciativas, não tenho dúvidas que a partir de 17 de setembro a televisão que nos identifica e diferencia será um espaço do Benfica plural.

Na descoberta do nosso belo Portugal, permitam duas sugestões. O Dori, um restaurante de eleição ali na Costa Nova. O arroz de berbigão é único e o peixe galo, por exemplo, uma sugestão que lhes deixo. Depois desta incursão por uma praia de todos os tempos, e que me fez regressar à infância, levei meus queridos netos ao Gerês. A essa maravilha da natureza, a esse verde que importa preservar, a essas paisagens que importa vivenciar  e sentir. E descansar  na Pousada de São Bento na Caniçada, com a simpática receção da Arminda Teixeira e da sua competente equipa. Ali somos esmagados pela beleza visual que impera  e somos impelidos para o desvio dos rituais do nosso citadino quotidiano. O nascer e o pôr do sol, a vasta vegetação e o azul do rio - sim do Cávado! - a vista da barragem e o passeio de barco, o espaço acolhedor e uma gastronomia de embalar. Na esplanada - que linda vista diz, nos seus seis anos,  o João Maria! - pedi(mos) uma sopa de melão com presunto, para depois, com a calma que o contexto granítico e a componente natural exigem, passarmos para uma costeleta de vitela barrosã, bem grelhada, a pontuar, no final e afinal, com um pudim abade de priscos. E, assim, olhando de este para oeste, de norte para sul, tudo é belo e com uma serenidade que contagia. Mesmo em jovens, como meus queridos netos, que descobrem as belezas do seu, nosso, Portugal!