Zeno Debast foi a meia-surpresa de Rui Borges para o jogo com o Rio Ave nos Arcos. Não completa, porque era mais ou menos percetível que João Simões ainda não correspondera às expetativas do técnico para o desempenho das funções de médio-centro e também porque o belga já tinha substituído o jovem português nos últimos minutos do dérbi com o Benfica, na final da Taça da Liga. Lançado no duplo-pivot, o ex-Anderlecht baixou daí naturalmente para a construção a três, o que isolou Hjulmand como vértice mais recuado de um triângulo interior que também contou com Trincão e Quenda em busca de espaço entre linhas, e libertava os laterais Fresneda e Maxi Araújo para uma alta projeção no terreno, garantindo largura total em zonas adiantadas. Resistente à pressão, graças à dimensão física e à certeza de passe, e veloz, não se pode dizer que Debast como médio seja, por si só, má ideia. O contexto é que não pareceu o mais propício para um exame definitivo, mesmo que o resultado se tenha inclinado a favor desde cedo, em virtude do hara-kiri dos vila-condenses, com um autogolo e um penálti infantil. A sucessão de erros dos locais, perante adversário que perdoa bem menos do que os do seu campeonato, impediu que a equipa de Petit conseguisse sequer assustar jogadores, dirigentes e adeptos dos leões durante os 90 minutos. A saída a três rapidamente se tornou desnecessária perante a pressão pouco eficaz dos locais, ao que se juntou o avolumar do resultado, e a descrença e o desnorte consequentes. Não houve assim verdadeiro teste à dupla de médios. Em teoria, se a Simões pode ser apontado o excesso de paralelismo com Hjulmand na construção a meio-campo, a verdade é que não foi por aí que Debast se diferenciou. O seu posicionamento foi mais baixo que o do dinamarquês, que teve de assumir funções de 8, sem na realidade o conseguir ser na sua plenitude. Não que o Sporting precisasse. O jogo estava fácil e falhou apenas a finalização, com Harder a desperdiçar inúmeras oportunidades até Gyokeres entrar para mostrar ao dinamarquês como se faz. Debast acabou por dar lugar a João Simões aos 68 minutos, apenas com a sensação de missão cumprida. Sem rasgos, apenas um registo positivo de quem nunca foi muito incomodado. Com Bragança e Morita prontos, a posição será de um deles mais cedo ou mais tarde. A aposta no belga dificilmente será mais do que uma experiência.