De ‘se’ para ‘é’
O Sporting precisa de um fundo de maneio de €65 M no prazo dum ano, €41M dos quais até 30 de junho para fazer face a dívidas a fornecedores herdadas da anterior gestão. Os números poderiam não ser muito assustadores se tivermos em conta que em finais de 2015 os leões assinaram um contrato de transmissão televisiva com a NOS, válido a partir de 1 de julho de 2018 e por dez anos, no valor de €515M.
Mas, caro leitor, já deve ter reparado que há um se na frase anterior. E haverá um se na frase seguinte. Esta verba necessária para as despesas ditas correntes não causaria grande alarme se uma parte das verbas dos direitos televisivos não tivesse sido já antecipada e gasta. Mas foi. E terá de ser ainda mais. Os números não seriam tão assustadores se o Sporting tivesse ido à Liga dos Campeões. Mas não foi. Tudo ficará mais fácil se for à Champions de 2019/2020. Mas quase de certeza que não irá. Então, terá de desinvestir no futebol profissional, previsivelmente desfazendo-se dos jogadores mais caros e apostando noutros, mais baratos, que não dão tantas garantias no imediato. Mas tudo seria mais fácil se não tivesse sido deitada uma bomba de napalm sobre a formação leonina nos últimos anos e nas camadas jovens existissem, num futuro não muito longínquo, futebolistas com capacidade para entrarem na primeira equipa com perspetivas de resposta positiva alta. Mas a bomba deixou muito pouco em termos qualitativos.
O futuro seria mais fácil se a mensagem não fosse passada para uma massa adepta que está profundamente partida entre os admiradores do regime brunista, os afetos às claques, a maioria de votantes em João Benedito e outros dos camarotes que durante anos gozaram de privilégios sem se saber bem porquê. Mas está. Os ses poderiam ter mudado todas as vidas, pessoais ou institucionais. Mas em Alvalade não se pode viver eternamente num se. Já foi, é assim, assim será. O se só tem duas letras, mas pode ter um milhão de consequências. Boas ou terríveis, como se vê.