De fora para dentro

OPINIÃO12.04.201904:00

A influência que têm os comportamentos de todos os que estão fora das quatro linhas sobre os que jogam e arbitram tem ganho cada vez mais importância.  Seria bom que fosse sempre uma boa influência, que ajudasse a melhorar a qualidade da prestação dos intervenientes principais, mas na verdade não é isso que acontece em cada vez mais situações.

O aumento da conflitualidade fora das quatro linhas, seja no futebol de alto rendimento ou no de formação, tem grande responsabilidade no estado actual do desporto, e do futebol, em Portugal. Nas competições de top todos conhecem o tipo de problemas e conflitos.

Na formação, a cobertura mediática não tem a mesma dimensão, e por isso não se tem a mesma percepção da gravidade de algumas situações. O querer ganhar a qualquer custo, não valorizando o processo de desenvolvimento dos jogadores e árbitros, uma vez que a avaliação se faz normalmente pelo resultado, é a principal causa responsável pelos comportamentos exteriores ao campo de jogo. O que demonstra claramente que as prioridades estão invertidas. Só pela educação se consegue, de forma segura, atingir os níveis de qualidade que a maioria pretende neste processo de crescimento dos nossos jovens praticantes. Este processo é importante para todos, dos praticantes às famílias, dos clubes às federações, das escolas ao governo. Jogar para ganhar é diferente de querer ganhar a qualquer custo.

Saber vencer é importante no processo evolutivo do praticante, mas não menos importante é saber perder e reagir na adversidade, parte fundamental do crescimento dos jovens. O clima, em jogos de jovens praticantes, tem vindo a degradar-se, e curiosamente mais em jogos das divisões inferiores. Este não é um problema do futebol, é um problema da sociedade em que estamos inseridos. A todos deve interessar.