Danilo Pereira como estamos tão crescidos...
Danilo Pereira foi uma das estrelas de Portugal que mais brilharam no Mundial sub-20 da Colômbia em 2011

SEM MUROS Danilo Pereira como estamos tão crescidos...

OPINIÃO15.06.202408:50

Como aquele médio em 2011 se deu a conhecer ao mundo e a um jovem aspirante a jornalista

Eu e os números nunca tivemos boa relação. Mas se a memória não me falha aqui vai: um Europeu sub-17, dois de sub-19, dois Mundiais sub-20 e, por fim, Europeu sub-21. Um percurso profissional, mais de 20 anos de ligação a A BOLA, no qual tive a oportunidade única (sou mesmo um privilegiado…) de ver crescer alguns (poucos) jogadores, promessas que não passaram de meras promessas, e outros com assinaram uma carreira e percurso mediático inesperado no mundo do futebol. Vou recuar a 20 de agosto de 2011 (sim, esta data nunca me esqueci) de uma final do Mundial sub-20 na Colômbia que Portugal perdeu, na final, diante da poderosa Brasil (2-3) no prolongamento.

O onze que se sagrou vice-campeã do Mundo sub-20 em 2011 na Colômbia

Final de jogo dramático, de uma equipa sem estrelas, que ficou denominada como Geração Coragem, foi assim que Ilídio Vale, então técnico, quis chamar. Na zona mista, no estádio El Camín, em Bogotá, de alguns daqueles miúdos portugueses que caíram aos pés de um poderoso Brasil (de um tal de Casemiro, Óscar, Danilo, Alex Sandro ou Phillipe Coutinho…), recordo expressões que jamais esquecerei. As lágrimas do pequenino e talentoso Caetano (que chorava de forma compulsiva diante de mim) por ter desperdiçado, na cara do guarda-redes Gabriel Vasconcelos, um lance isolado no prolongamento, também o desalento do capitão Nuno Reis, que por norma mostrava uma frieza quase assustadora, e, por fim, as palavras de um jovem de nome Danilo Pereira.

Parou para falar, desabafar até, e disse tudo o que lhe ia na alma. Que aquele momento seria, apenas e só, uma etapa, que todos teriam de estar orgulhosos, enfim, que nada a partir dali seria um ponto final. Palavras daquele que foi eleito o terceiro melhor jogador da competição. No final da conversa que teve comigo, já sem o gravador na frente, terá visto, também o meu desalento. E disse-me: «Descansa que teremos muitos mais Europeus e Mundiais pela frente. Eu como jogador e tu como jornalista...». 13 anos depois, Danilo, após aquele desaire, como sénior, leva no currículo mais três Europeus (2016, 2020 e 2024) e um Mundial (2022). Eu cheguei agora ao meu primeiro, mais tarde, mas apetece-me dizer-lhe, de forma muito sentida e sincera: «Meu caro Danilo, como crescemos os dois...»