Crise meia-idade

OPINIÃO18.11.202205:30

Os Ronaldos vão e voltam mas os clubes estão acima de tudo e todos

RONALDO já havia manifestado insatisfação na pré-época do Man. United. E o balanço da sua prestação, empenho e comprometimento nesta primeira parte da época é claramente negativa. Pior, desproporcional e desacertada, só mesmo a entrevista que concedeu ao mediático fã do Arsenal Piers Morgan por entre ironia bacoca e críticas irrelevantes (próprias de crianças no intervalo da escola). Ronaldo quis meter pressão máxima em cima de si próprio, apostando todas as fichas num desempenho desportivo pessoal no Mundial e que, caso lhe corra bem, responderá às críticas de que tem sido alvo e ainda lhe permitirá eventualmente, com a anuência do Man. United, abrir as portas da saída de Old Trafford para assinar um novo contrato onde lhe paguem €30 M em salários. Isto caso os Red Devils sejam meiguinhos na resposta quanto à disparatada entrevista. É que, veja-se, Ronaldo nem sequer quis saber do seu elevado legado no Man U. Ainda que não se domine completamente a lei inglesa aplicável ao caso e sendo óbvio que Ronaldo se sujeita a um novo processo disciplinar interno nada complexo e que lhe pode sair bastante caro, estamos todos curiosos por saber se os ingleses vão demonstrar posição de força. Estará Ronaldo a forçar saída de forma excessiva? Se assim for, o n.º 2 do artigo 14.º do Regulamento da FIFA estipula que pode dar despedimento com justa causa a posição abusiva de um jogador que tente forçar o clube a terminar ou a alterar os termos do seu contrato. Se a entidade empregadora fosse portuguesa, o despedimento com justa causa do camisola 7 seria viável ao abrigo da alínea c) do n.º 1 do artigo 23.º e do 24.º da Lei 54/2017 em conjunto com os artigos 42.º e 51.º do contrato coletivo de trabalho aplicável. O valor (comercial, mercado, imagem) conectado ao regresso a Manchester é, hoje, negativo. Pode-se idolatrar Ronaldo e detestar os Glazer à frente do clube mas o atleta deve ser punido exemplarmente para se evitar casos idênticos no futuro. Os Ronaldos vão e voltam mas os Clubes estão acima de tudo e todos.