Clubes portugueses, fechem os vossos miúdos!
Marcos Leonardo foi indicado por Jorge Jesus como potencial reforço do Al Hilal
Foto: IMAGO

Clubes portugueses, fechem os vossos miúdos!

OPINIÃO26.08.202410:00

Espera-se corrida desenfreada dos milionários clubes sauditas por jogadores de 21 anos ou menos

Uma importante alteração nos regulamentos da liga saudita passou despercebida a muitos, mas vai seguramente agitar a última semana de mercado.

A partir desta época, os clubes do principal campeonato passam a dispor de 10 vagas para estrangeiros, em vez das 8 que existiam até aqui, desde que dois deles tenham 21 anos ou menos – embora só possam jogar 8 por partida. Com o mercado saudita a fechar (2 de setembro, tal como em Portugal) e ainda várias vagas por preencher, a corrida a jovens promissores já começou.

O Al Nassr, de Cristiano Ronaldo e Luís Castro, garantiu no sábado a contratação do brasileiro Wesley, de 19 anos, do Corinthians. E pagou pelo avançado (cuja saída deve abrir vaga para Arthur Cabral na equipa brasileira) 18 milhões de euros, mais 4,5 em eventuais bónus.

Ainda sem dois estrangeiros sub-21, Jorge Jesus indicou Marcos Leonardo (21 anos), do Benfica, e Bakayoko (21 anos), do PSV, para o Al Hilal. A abertura foi pouca ou nenhuma, mas petrodólares é coisa que não falta na Arábia Saudita, sobretudo aos clubes detidos pelo fundo estatal PIF (Al Hilal, Al Nassr, Al Ittihad e Al Ahli).

E na luta titânica pela hegemonia na nova liga dos milhões, dificilmente esses principais clubes ficarão com dois lugares para estrangeiros por preencher. Se conseguirem convencer o PIF a gastar muitos milhões, pode ficar difícil para os clubes portugueses segurar jogadores. Incluindo os mais jovens. E não é só Marcos Leonardo. No Benfica há ainda, por exemplo, António Silva e Prestianni, no Sporting Diomande e Fresneda, no FC Porto Martim Fernandes e Vasco Sousa. E nem SC Braga, de Roger Fernandes, ou Famalicão, de Gustavo Sá, podem dormir tranquilos até ao fecho do mercado.

Por isso, clubes portugueses, fechem os vossos jovens a sete chaves. É verdade que alguns não querem ir para o Médio Oriente tão jovens, mas para outros o chamamento da máquina registadora – e a convicção de que dois ou três anos depois voltarão a casa, de bolsos bem cheios, para seguirem com a carreira – é música celestial. É só mais uma semana...

Mas por outro lado… Não seria bom para Benfica e Sporting que chegasse um camião de dinheiro por António Silva e Diomande, que os clubes sempre planearam vender este verão mas pelos quais não tiveram propostas satisfatórias?... Ficariam com pouco tempo, ou nenhum, para encontrar substitutos, é verdade. Mas a coisa até está a compor-se para nem um nem outro serem indiscutíveis – e se o critério não tiver de ser a entrada de caras no onze, nem seria complicado encontrar alguém.