Campeonatos Nacionais vs. Seleções
Prof. José Neto levanta questões sobre a influência (positiva ou negativa) que a ida às Seleções pode ter nos jogadores. FOTO MIGUEL NUNES

Opinião Campeonatos Nacionais vs. Seleções

OPINIÃO13.09.202412:01

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Perante um estado de crítica referente a rendimentos superiormente (ou não), obtidos e que justificam (ou não) resultados plenamente alcançados e cujos jogadores, por motivos das suas convocatórias em jogos das seleções de seus países, intervalam o processo competitivo nos seus clubes de origem, pode ser um assunto de reflexão na planificação ou estruturação do modelo de treino desportivo a adotar.

Ora bem, jogadores a serem sujeitos a uma média de 8 a 10 dias de interrupção de rotinas presenciais de treino no seu clube de origem e pelo facto de passarem a ser enquadrados noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional, com distintas equipas técnicas e por vezes com diferentes objetivos de conquista, podem ver comprometidas algumas respostas comportamentais, nomeadamente ao nível do espírito de coesão de grupo, que nalguns casos o vapor do êxito propaga e aquece e, noutros casos, a marca do insucesso dissimula  e constrange.

Depois, temos os jogos das respetivas seleções a serem realizados (quando para tal, os jogadores são ou não chamados a intervir), a definição do resultado conseguido (positivo ou negativo) e a consequente resposta referente ao rendimento obtido, sabendo-se que, em todas as situações, as consequências de um rendimento superior conduz a futuros e melhores desempenhos, são mais desafiadores e perduram mais no tempo.

É claro que tudo isto pode ser um elemento de estudo e reflexão para a retoma de funções ao clube de origem, não falando tão pouco de uma ou outra lesão ou algo que possa ocorrer como possível indisponibilidade a curto prazo, pois, como temos vindo a referir, em termos de planeamento gerir comportamentos após os êxitos conseguidos é completamente distinto de gerir frustrações após os insucessos apresentados.

A anotar ainda os locais dos jogos realizados, as viagens de longas durações por parte de alguns jogadores selecionados, as alterações climáticas detetadas e dos consequentes fusos horários a ultrapassar pelo jet lags existentes, que globalmente conduzem a situações de dessincronização dos ritmos biológicos, gerando manifestações de fadiga, perturbações do sono, maior dificuldade de concentração, maior irritabilidade ao desgaste, maior perceção à ameaça, diminuição do estado de alerta, alteração do ritmo cardíaco, etc…

Felizmente, quer ao nível das seleções, quer ao nível dos clubes, verificamos a existência de equipas pluridisciplinares de suporte, cada vez mais alargadas e potencialmente autenticadas de rigor e competência técnica e científica, transformando-se em autênticos baluartes na readaptação dos jogadores, para a retoma das suas valências anteriormente justificadas.

Mas, por demais metodologias físicas, atléticas, táticas, fisiológicas, funcionais e comportamentais que se dispõem atualmente na recuperação desses atletas, tenho cá para mim que o estado de autoconfiança, o desejo e motivação para a partilha e consolidação dos caminhos do sucesso, o estado de alma, o espírito de equipa e o eco de presença daqueles que lhe estão próximos, ainda é capaz de provocar uma força suplementar aglutinadora para a consecução dos êxitos anteriormente obtidos.

Estejamos, contudo, atentos a esta retoma competitiva, pois perante qualquer processo, por mais científico que se possa apresentar, ainda haverá perguntas, muitas dúvidas e algumas incertezas, cujas respostas se encontram em céu aberto.

Refirmo, contudo, o que tenho vindo a justificar: qualquer que seja a equipa que esteja movida por princípios de lealdade, identificada por sentimentos de orgulho cooperante e participativo, comprometida por um elevado sentimento profissional e identificada por uma identidade coletiva demolidora, esta sim, creio mesmo que estará muito mais próxima da obtenção do sucesso.

E quando digo «creio», esta crença está autenticada  por padrões onde a prática se assumiu como critério da verdade. Nos tempos onde as condições técnicas e científicas eram incomparavelmente diferentes das que hoje se assumem, as respostas permitiam-me assegurar a evolução dessas competências para o êxito. Não era assim Jaime Pacheco, Quim, João Pinto, Paulo Futre, Dimas, Celso, Álvaro Magalhães, Semedo, etc., já que Fernando Gomes (bibota de ouro), Fernando Chalana, Zé Beto e Lima Pereira só no silêncio que a saudade grita o poderiam rubricar ... E, já muito depois: não foi assim, Toni Conceição, que assumimos a subida do Trofense e do Moreirense à 1ª Liga? ... Não foi assim, Quim Machado, que assumimos a subida do Tondela e Feirense à 1ª Liga.? Não foi assim, Pepa, que em 40 dias foram conseguidos 16 pontos e mantivemos o Tondela na 1ª Liga ? Não foi assim, Paulo Fonseca, que se cantou uma das páginas mais douradas do Paços de Ferreira, assumindo a conquista de um 3º lugar e acesso à Liga dos Campeões?... 

Sim, essa identidade, servida com um legado de afetuosa transparência e inultrapassável competência, cavou fundo nos rasgados alicerces de valor do humano dos jogadores para serem devolvidos com suor e lágrimas do GANHADOR. Enfim, da minha parte somente algumas vírgulas, reticências  e pontos exclamação dum grande texto que os valores da ética, do respeito e do silêncio fazem cultivar as saudades que visitam a minha memória ... Talvez um dia exposta de forma mais categórica, porque verdadeira!... TALVEZ.

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