Brasil: Só 19 técnicos despedidos!

'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil

O Brasileirão-2024 só despediu 19 treinadores. Só? Sim, só. Desde 2012 que os dirigentes — e os adeptos que os pressionam — não demonstravam tanta paciência com os técnicos nem tanta convicção nas próprias escolhas.

É um número absurdo, tendo em conta que o campeonato é composto por 20 equipas? É, claro. Supera os números da Premier League, de La Liga, da Bundesliga, da Serie A, da Ligue 1 e da Liga Portugal da época passada. Na verdade, despediram-se mais treinadores no Brasil do que nas ligas inglesa e alemã 2023/24 somadas — e mesmo que acrescentemos a francesa dá quase empate entre o país sul-americano e os três países europeus.

Mas, ainda assim, temos de começar por algum lado, temos de ver o copo meio cheio: no ano passado, caíram 26! De 2013 a 2023, aliás, nunca se registou menos de 20 despedimentos, ou seja, na média, é como se todos os clubes trocassem e ainda sobrassem mais umas quantas chicotadas. No Brasileirão de 2015, foram 32: à oitava jornada já metade dos clubes mudara de treinador.

Contribui para esta dança absurda nas cadeiras, além das citadas impaciência e falta de convicção nas próprias escolhas diretivas, mais um fator: o calendário. O Brasileirão começa uma semana, às vezes menos, depois dos estaduais, os cemitérios de treinadores que deixam logo na corda bamba os dois ou três técnicos de clubes grandes que não os ganhem.

Ainda assim, merecem elogios as seis direções, algumas já são administrações de SAD, que resistiram a despedir este ano: Palmeiras e Botafogo, orientados pelos portugueses Abel Ferreira e Artur Jorge, os dois clubes que lutaram pelo título; Fortaleza e Bahia, de Juan Pablo Vojvoda e Rogério Ceni, emblemas geridos com profissionalismo que andaram, sobretudo o leão, sempre na parte alta da tabela; o Grêmio, que apesar das desilusões foi treinado por alguém que tem até direito a estátua no estádio, Renato Gaúcho; e, acima dos demais, o Criciúma, que, mesmo sempre aflito, prestigiou o trabalho competente de Cláudio Tencati. Renato e Tencati saíram, sim, mas só após o fim do campeonato.

Menção ainda para os portugueses que passaram pelo Brasileirão deste ano mas, por uma razão ou outra, não o concluíram: Pedro Caixinha (Bragantino), António Oliveira (Corinthians), Petit (Cuiabá) e Álvaro Pacheco (Vasco da Gama).