Cortejo fúnebre passou pelo recinto azul e branco
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OPINIÃO Benfica e Sporting deviam ajudar Villas-Boas

OPINIÃO20.02.202509:45

Benfica e Sporting desrespeitaram Pinto da Costa e o FC Porto? Não. Deviam ter emitido uma nota de condolências? Sim. Seria hipocrisia? Não. Seria útil para o futebol português? Sim. Eu sou o Jorge Pessoa e Silva e esta é a crónica semanal do meu Livro do Desassossego

Há duas coisas que não gosto de ver fazer: bater-se em quem está no chão, debilitado, e atacar-se quem já não estando entre nós não se pode defender. Isso não impede que se façam juízos sobre os atos praticados por essas pessoas, mais com a objetividade possível de um historiador do que com a intensidade emocional de um pugilista acossado. Há momentos em que a reserva é necessária, a moderação uma boa conselheira e a paciência de deixar o tempo fazer o seu trabalho a mais avisada das estratégias. Tudo isto se aplica a Pinto da Costa.

Devo confessar, para não levar ninguém ao engano: nunca gostei da estratégia e da comunicação de Pinto da Costa. Nunca percebi como manteve o FC Porto acantonado a um conceito bairrista e a uma cidade que, a partir de certa altura, passou a ser muito pequena para a dimensão desportiva internacional do clube. Como elegeu inimigos e não apenas rivais. O FC Porto merecia ser admirado como enorme instituição e não temido ou mesmo odiado.

Sou de Lisboa, com origens minhotas, fui feliz a viver no Porto – onde volto sempre que posso para matar saudades da cidade mais charmosa que conheço – vi muitos jogos, como adepto do futebol, nas Antas, Alvalade e Luz. Ouvi o que todos ouviram de Pinto da Costa, vi o que todos viram, mas em termos de telhados de vidro é avisado mantermos as pedras no chão. E devo também o reconhecimento ao que de muito bom foi feito. E foi. Os rótulos podem dar muito jeito, mas são sinal de preguiça. Cada homem é um universo até nas suas contradições, no bom e no mau.

Tendo uma análise crítica de Pinto da Costa, não posso esquecer ter dado ao meu querido tio João a última alegria em vida com uma mensagem pessoal que o levou às lágrimas dias antes de ter deixado um vazio na minha vida, pela mesma doença que agora levou o ex-presidente do FC Porto. Tio que, tinha eu poucos anos de vida, me comprava chocolates se gritasse «Viva o Pinto da Costa», numa fase em que, tendo adeptos dos três grandes em casa, percebi que tinha muito mais a ganhar com a diplomacia do que com as barricadas. Ficou-me para a vida. A diplomacia e os quilinhos a mais pelas guloseimas que ganhava de todos…

Rogério Azevedo concorda com a decisão de abrir o Dragão à homenagem ao antigo presidente.
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Entendo as razões para Benfica e Sporting não terem feito notas de pesar. E, como escreveu o diretor adjunto de A BOLA, Alexandre Pereira, não foi manifestação de falta de respeito. E, como ele defendeu, eu também acho que o deviam ter feito. E não, não seria hipocrisia. Hipocrisia seria um elogio de personalidade que saberíamos não sincero. O voto, seco que fosse, seria para a família e um voto institucional em relação ao atual FC Porto, onde a eleição de Villas-Boas abriu portas e, acima de tudo, uma oportunidade histórica para uma nova era no futebol português, mais colaborativa do que guerrilheira. O próprio Villas-Boas que tem feito um esforço meritório de, tendo enfrentado e criticado os últimos anos de gestão de Pinto da Costa – de quem recebeu injusta ingratidão - usou o poder de uma vitória esmagadora para manter todos os equilíbrios. E essa porta não se pode fechar.

Presidente da Liga, eleito para a liderança da Federação Portuguesa de Futebol, marcou presença nas cerimónias fúnebres do histórico presidente do FC Porto
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Benfica e Sporting deviam dar a mão e também ajudar Villas-Boas. Mas também digo que foi infeliz o comunicado do FC Porto que, pela ausência desses votos de pesar, reabriu feridas com Benfica e Sporting. Chega de guerras sem sentido.

Por mim o assunto é pacífico. Os meus sinceros votos de pesar à família de Jorge Nuno.