Benfica a todas as horas

OPINIÃO25.07.202306:30

A correnteza de notícias sobre saídas, associada ao corrupio de clientes em abastecerem-se no mercado da Luz, acaba por invadir o balneário e provocar ruídos

Adeclaração de Domingos Soares de Oliveira sobre a necessidade de o Benfica ter de  prescindir de um dos seus jogadores mais valiosos, para poder manter o nível salarial praticado, está a interferir no trabalho de preparação da próxima época, embora Roger Schmidt pouca importância dê à situação, aparentemente.

Apesar de o presidente ter afirmado, e repetido,  que o projecto é desportivo e não financeiro e de recuperar o estatuto europeu da águia ser um dos seus principais objetivos,  a verdade é que a correnteza  de notícias sobre saídas, associada ao  corrupio de clientes em abastecerem-se no mercado da Luz, pode não perturbar o treinador, habituado a tais folclores, mas, muito ou pouco, acaba por invadir o balneário e provocar ruídos em ambiente que se pretende vacinado contra todos os vírus externos. 
 
Rui Costa chegou ao local do estágio, em Inglaterra, e acerca do tema Rafa reagiu com inteligência e serenidade, limitando a uma conversa a dois a solução de um caso lançado no espaço público de modo atabalhoado, como se percebeu. 
 
Mais recentemente foi Morato  a assumir o papel de ator principal por pressão do Fulham que é treinado por um português, Marco Silva, e só devido a esse  pormenor se escreveu outro animado folhetim de verão,  com gente bem informada, por certo,  a dar conta de que o jogador  terá pedido para sair e chegando-se ao ponto de censurar a atitude do Benfica por recusar 25 milhões pelo central brasileiro, pouco utilizado, num negócio com ar generoso, mas que seria fino para  o comprador e tolo para o vendedor, se o aceitasse. 
 
Anunciado o empréstimo de Lucas Veríssimo, qualquer outro interessado em Morato terá de esperar por melhor ocasião, a não ser, obviamente, que bata a cláusula de rescisão fixada em 100 milhões euros.

David Neres chegou  há um ano, do Ajax.  Teve uma época interessante, foi solução para vários problemas e, acredito eu, ainda tem  muito para surpreender os adeptos. Agora, segundo os especialistas em transferências, será o Zenit  a querer contratá-lo. Numa primeira abordagem, propôs também 25 milhões de euros, ao que Benfica nem terá respondido, presumo. A cláusula é de 100 milhões, mas há quem preveja que nova tentativa  será feita pelo clube russo e por mais alguma coisa, sei lá, cinco ou dez milhões, a águia encolhe as asas e venha o dinheiro, por  precisar de uma boa  receita e porque a chegada de Di María retirou protagonismo ao brasileiro. 

Sim, é uma evidência, mas o argentino foi contratado para fazer a diferença, como se tem visto, e não para estar obrigado a cumprir noventa minutos em todos os  jogos. Ambos gostam de frequentar os mesmos espaços, mas, apesar disso, a venda de Neres em saldos talvez não seja um ato de gestão recomendável. 
 
Gonçalo Ramos explodiu e, que me recorde, foi o único nome referido por Roger Schmidt no sentido de aconselhar a sua permanência por mais um ano. Avisam os peritos que muitos clubes o desejam, a preço para amigos, creio. Tendo uma cláusula de 120 milhões  será  a partir deste valor  que o Benfica deve aceitar conversar.   O treinador alemão quer segurar Ramos, li ontem em A BOLA,  mas  Manchester United, e principalmente, o  PSG  assumem-se como interessados de referência. Tudo normal, o que não compreendo, nem eu, nem os adeptos,  por certo, é a reação muito portuguesa de fazer um jeitinho e colocar em 80 milhões a oferta irrecusável que significa a rendição por parte do Benfica e, em consequência, a necessidade de preencher a falta, depressa e sabe-se lá a que preço. 
 
Nesta fase de mudança, que muito empolga a família encarnada, se houver condições para isso, sugere-se um esforço no sentido de começar a estabilizar o presente e projetar o futuro próximo, por forma a consolidar a imagem  de credibilidade de um clube com longa e rica  história. Que é o dono da sua vida e que só gasta o que tem. 

FC PORTO FORTE COMO SEMPRE 

OFC Porto continua forte e preparado para discutir o título com o Benfica. Saiu Uribe, mas tem substituto a caminho, e Otávio, depois daquela novela das Arábias, apresentou-se ao serviço com a vontade de sempre. 
 
Por outro lado, a notícia mais esperada pela família portista  também se confirmou, a permanência de Sérgio Conceição, este, sim, o pilar que suporta o edifício futebolístico do dragão e que segura a administração da sociedade desportiva, cujo presidente, aliviado, não se coibiu de expelir os primeiros vómitos de veneno, referindo-se aos inimigos que o clube tem na comunicação social e que estão «muito agitados». Enfim, se não mudou até agora, não se espera que mude daqui em diante. 

Quando  João Mário recuperar, o que permitirá a libertação de Pepê, uma pérola amordaçada, o quarteto defensivo fica definido. Como  Otávio é a imagem do treinador em campo, do meio campo para frente não se enxergam dificuldades de comunicação, e na frente de ataque, com a chegada de Fran Navarro, parece haver gente a mais, oportunidade, talvez, para o clube realizar uma boa venda. A ver vamos. 

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