As seleções A e B do Brasileirão
'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil
A tarefa de escolher uma seleção começa por ser aliciante. Depois, como escrevi na introdução de um livro chamado Os 100 Melhores Futebolistas do Todos os Tempos (Oficina do Livro, 2011), custa, demora, dói, castiga, martiriza. Como naquele livro acabei por incluir mais 100 atletas num adendo, ao escolher o melhor onze do Brasileirão de 2024 opto outra vez pela mesma batota.
Cá vão então as seleções A e B do torneio. A principal: João Ricardo (Fortaleza); William (Cruzeiro), Barboza (Botafogo), Bastos (Botafogo) e Bernabei (Inter): Marlon Freitas (Botafogo), Gerson (Flamengo), Savarino (Botafogo) e Garro (Corinthians); Luiz Henrique (Botafogo) e Estêvão (Palmeiras). O treinador: Roger Machado (Juventude e Internacional).
O dado controverso é Roger Machado em vez do patrício Artur Jorge, que chegou, viu, venceu e convenceu. Mas Roger deixou o modesto Juventude no meio da tabela, foi promovido a treinador do Internacional e somou mais pontos que a concorrência na segunda volta, sendo que Ju e Colorado foram afetados pela colossal tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e aqui não se avalia a prestação, outra vez brilhante, do Botafogo na Libertadores.
Outro dado interessante é a presença de cinco gringos, repetindo o número da Bola de Prata, troféu da Placar e da ESPN Brasil, em 2023, e com a curiosidade de serem todos diferentes de um ano para o outro — o Brasileirão passou de campeonato exportador para campeonato exportador e importador de talento.
Mais um detalhe: há uns anos considerados em extinção, os meias, isto é, os 10, voltaram em força ao país de Zizinho, Didi, Pelé, Rivellino, Zico, Sócrates, Falcão, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho ou Kaká. Ao ponto de Raphael Veiga, um soberbo jogador às ordens de Abel Ferreira no Palmeiras, não constar sequer na seleção B por culpa de Savarino e Garro, na A, e de Alan Patrick, Matheus Pereira e Almada, na B.
Por falar em B, cá vai ela: Hugo Souza (Corinthians): Wesley (Flamengo), Léo Ortiz (Flamengo), Vitor Reis (Palmeiras) e Alex Telles (Botafogo); Gregore (Botafogo), Alan Patrick (Inter), Matheus Pereira (Cruzeiro) e Almada (Botafogo); Yuri Alberto (Corinthians) e Alerrandro (Vitória). O treinador: Artur Jorge.
Num ano em que a dúvida sobre o craque do Brasileirão esteve entre Luiz Henrique, o escolhido por esta coluna, e Estêvão, que tem tempo para encher a casa de prémios, os goleadores Yuri Alberto e Alerrandro só couberam na seleção secundária.
Destaque ainda para dois gringos europeus, Memphis Depay, cuja qualidade contagiou o Corinthians na fase final, e Braithwaite, o melhor do ano no Grêmio.
Nas seleções oficiais, a da Bola de Prata e a da CBF, foram citados John, ótimo guarda-redes do Botafogo, e Gómez, central capitão do Palmeiras, ambos de fora da A e B deste colunista.