Arranquem-se as ervas daninhas, enquanto é tempo...
Mal vai o desporto quando adeptos insultam, ameaçam, tem comportamentos violentos e fazem tentativas de agressão. Pior, se passam impunes
Mal vai o desporto quando adeptos insultam, ameaçam, tem comportamentos violentos e fazem tentativas de agressão. Pior, se passam impunes. Aconteceu no final do jogo da Liga entre o FC Porto e o Famalicão e foi assim reconhecido pela SAD do clube do dragão em comunicado que emitiu a «repudiar com veemência» e a informar que está a «colaborar com as autoridades policiais para a identificação dos responsáveis pelos comportamentos que considera inapropriados e, apuradas responsabilidades, tomará as medidas consequentes». Não deve fazer por menos, mas com a provável complexidade que essa investigação policial e demais delongas ver-se-á o que resulta.
André Villas-Boas ainda enfrenta Pinto da Costa mais de sete meses depois de tê-lo vencido, por goleada, em eleições. E enfrentará. Agora em campanha orquestrada por fações violentas de indefetíveis saudosistas do ex-presidente que (co)existem na(s) claque(s) e que atuam ao abrigo (e na habitual impunidade) destas.
Se o novo líder não cortar o mal pela raiz - e reconhece-se ser difícil – vai permitir, mais do que a instabilidade, que a desordem se instale através do canal mais fácil, frágil e suscetível de atingir o centro de comando de um clube de futebol, a sua equipa principal. Todas as possibilidades causar distúrbio à direção de Villas-Boas vão ser exploradas pelas hordas violentas de contestatários e os resultados negativos são fertilizante ideal para essas ervas daninhas atacarem.
O problema não é o treinador Victor Bruno ou a equipa, o alvo é Villas-Boas. E como já afirmámos neste espaço de opinião, não é com apelos à união e à concórdia que se convencem estas forças do contra, indiferentes, movidas por outros interesses que vão muito além dos de ver o clube prosperar. Não é tarefa fácil, mas nunca o presidente do FC Porto deve deixar de repudiar com veemência e colaborar na identificação e punir os indivíduos que agem e escondem sob a pele de adepto. Sabe-se que são tudo menos estes.
O Sporting corre o mesmo risco. Em Alvalade, a abrupta crise em que mergulhou a equipa de futebol trouxe à tona, rapidamente, a contestação desordeira de alguns adeptos, na lamentável reação, no final do jogo em Bruges, contra os jogadores que agradeciam a presença e o apoio, é um péssimo pronúncio do que poderá estar para vir no reino do leão se João Pereira não retomar, de imediato, a senda vitoriosa de Ruben Amorim.
Mais uma vez, e como no FC Porto, o principal visado é o presidente, Frederico Varandas. Quais são as forças por trás da contestação do até há poucas semanas incontestado líder verde e branco? Quem simplesmente não concorda com a sua gestão ou outros, saudosistas de regimes e figuras passadas de má memória para todos - literalmente todos, em defesa do desporto e do civismo em geral. Varandas está a ser contestado, mas também já insultado e acossado. Esperemos que não venha ainda pior.
Há pouco mais de três meses, estavam o Benfica e o seu presidente Rui Costa no fio da navalha. Já tinha havido focos de contestação violenta na temporada anterior. A assembleias gerais ferviam e estava aceso o rastilho. Os resultados da equipa de futebol não eliminaram, apenas neutralizaram a contestação violenta à Direção. Ninguém duvide que também no ninho da águia o equilíbrio é precário, que o clima é de paz podre.