Arbitragem independente?

OPINIÃO09.06.202306:35

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AFederação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou uma nova visão para a organização da arbitragem nas competições profissionais. Curioso notar-se que só agora vem manifestar-se disponível para abraçar novas soluções e que o Conselho de Arbitragem e a própria arbitragem devem gozar de liberdade e independência para que funcionem normalmente. Questiona-se: a FPF considera que não funcionam dessa forma na 1.ª e 2.ª ligas portuguesas? Ora, sob a premissa criada por si, a FPF propôs publicamente que se avance em Portugal com um novo modelo organizativo para a arbitragem nas competições profissionais e que passa por englobar uma entidade externa. Algo semelhante ao Professional Game Match Officials Limited (PGMOL) que impera em Inglaterra mas já lá iremos. A FPF termina por comunicar que o objetivo passa por utilizar ferramentas e mecanismos legais que garantam a constituição e desenvolvimento de um quadro de árbitros mais adequado e que, face à atual legislação, é inevitável estudar a alteração das normas em vigor em torno da arbitragem, tendo já  informado os seus associados e a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto desta sua visão, bem como estendeu convite a Pedro Proença e à APAF para integrar um grupo de trabalho que, no entendimento da Federação, deverá ser encabeçado e liderado por Fontelas Gomes (Presidente do Conselho de Arbitragem). Vou dispensar comentários sobre a liderança de Fontelas Gomes para este efeito. Até porque há eleições para o ano na FPF. Esta operação poderá vir a exigir alterações ao Decreto-Lei 93/2014 e aplicável às Federações Desportivas. Mais tarde, terá que se reformular o acordo bilateral entre Federação e Liga e respetivo regulamento de arbitragem desta. Mas vamos ao que interessa: o modelo. Qual será a estrutura pretendida? Em Inglaterra, A PGMOL é detida pela Federação Inglesa, pela Premier League e pela Football League e os árbitros são avaliados pelos delegados e dirigentes dos clubes que compõem a denominada lista de méritos (com base na qual os árbitros são designados, retidos ou reclassificados). Fica a piada feita para dirigentes portugueses avaliarem árbitros. A palavra chave urgente é transparência e não independência.