a semana passada, um locutor de uma rádio australiana foi despedido. Marty Sheargold foi demitido, apesar de ter pedido desculpas, depois dos comentários sobre o jogo de futebol entre os Estados Unidos e a Austrália, durante o qual a coisa mais simpática que disse foi que as jogadoras lhe faziam lembrar as «miúdas do 10.º ano». As americanas venceram o encontro para a Taça SheBelieves mas foi ao falar sobre a hipótese de ver a equipa australiana, conhecida como as Matildas, jogar a Taça asiática, no próximo ano, que o comentador e comediante de uma das maiores cadeias de rádio da Austrália, disse que «preferia espetar um prego no pénis». Enquanto gracejava sobre o tema, o locutor disse ainda que o jogo foi aborrecido. Ora, para evitar que uns fiquem entediados, outros esquecidos e outros ainda distraídos, a Federação Portuguesa de Basquetebol teve uma iniciativa, aproveitando o Dia Internacional da Mulher, que pode ajudar nestes casos. Não distribuiu martelos, nem daqueles fofinhos do S. João no Porto, mas colocou os 12 clubes da Liga a jogar com uma bola com várias mensagens escritas com tinta termossensível. À medida que o jogo decorria e as mãos das jogadoras aqueciam a bola, as frases desapareciam - num gesto simbólico que reforça a resiliência das atletas. «Deviam jogar com roupa justa», «Meninas não podem jogar basquetebol» ou «Franganitas» são foram apenas alguns dos mimos que se ouvem por muitos pavilhões espalhados por esse mundo fora. A tinta desaparecia com o calor das mãos das jogadoras, no único local onde realmente importa o que fazem, o que gostam e como são. Aminha sugestão é que a Federação distribua estas bolas por outros locais fora dos recintos de jogo, que as entregue a homens e mulheres nos gabinetes, nas bancadas, aos pais, aos filhos, aos irmãos, às mães, às filhas, às amigas. Porque este tema não é exclusivo do género masculino, desenganem-se. Esfreguem bem, várias vezes, para ver se desparecem rapidamente e, em último caso, arranjem um martelo do S. João porque não gosto de violência.