Alex Ferguson: de Vermelhinho a vermelhão
'Hat trick' é o espaço de opinião semanal do jornalista Paulo Cunha
1 Acionista minoritário do Manchester United, mas responsável pela gestão do futebol, Sir Jim Ratcliffe, engenheiro químico inglês fundador e proprietário da INEOS, gigante mundial da indústria petroquímica, considerou outro Sir, Alex Ferguson, um ativo tóxico e dispensou o escocês do cargo de embaixador do clube.
O objetivo do detentor de 27,7% dos red devils é poupar cerca de dois milhões de libras anuais, o salário do antigo técnico desde que se retirou em 2013, decisão inserida em política de redução de custos. Contra todas as previsões, Erik ten Hag continua a resistir em Old Trafford ao invés do maior nome da história do colosso britânico.
A primeira vez que ouvi falar em Alex Ferguson foi em abril de 1984, quando o FC Porto defrontou o Aberdeen, orientado por ele, nas meias-finais da Taça das Taças perdida em Basileia pelos dragões com a Juventus. A TV a cores era novidade lá em casa e dele recordo as bochechas vermelhas em grande plano televisivo já Vermelhinho marcara no icónico Estádio Pittodrie golo sublime de chapéu numa noite de nevoeiro.
Mais tarde, muito mais tarde, agradeci a Ferguson aquela mirabolante reviravolta em Camp Nou que garantiu ao United triunfo ao cair do pano sobre o Bayern, por 2-1, na final da Champions de 1999, selada com golos de Sheringham (90+1’) e Solskjaer (90+3’). Festejei não por ter simpatia especial pelo vencedor ou antipatia pelo derrotado — o desespero do central ganês Samuel Kuffour, dos bávaros, ainda no relvado, até me ficou na memória.
A alegria justificava-se porque graças aos avançados inglês e norueguês ganhei aposta no jornal que me rendeu uns 10 contos (50 euros) graças a palpites de 100 escudos (50 cêntimos) que a malta costumava fazer na tentativa de adivinhar os resultados na redação e restante edifício no 23 da Travessa da Queimada, no Bairro Alto.
Já com estatuto de Sir, ele, não eu, cruzei-me com Alex Ferguson no Mónaco, após uma final da Supertaça Europeia perdida pelo Manchester United para o Zenit, por 1-2, em 2008, na estreia de Danny — autor de um golo e melhor em campo — pela equipa de São Petersburgo proveniente do Dínamo de Moscovo em transferência recorde à data na Rússia.
Para tentar encontrar Ronaldo, na altura lesionado e baixa de peso no Louis II, aproveitei uma brecha na segurança, desci uma escadaria do estádio e de repente estava junto ao relvado, onde recolhi algumas palavras de circunstância do craque que andava por ali. Com ar de poucos amigos, Alex Frerguson, que regressava da sala de imprensa, ouviu-me perguntar-lhe algo sobre a ausência de CR7 e o impacto de outro madeirense, Danny, no jogo. «Não esteve na conferência de imprensa? Então… tivesse estado», respondeu-me, em passo acelerado, indisposto com a azia do desaire.
E aí vi ao vivo e também a cores as faces rosadas do técnico em novo momento de vermelhão a lembrar a noite de glória de Vermelhinho.
2 Paulinho não pára de mostrar os dentes e em 15 jogos no Toluca soma nove golos e sete assistências — nas três temporadas e meia no Sporting, assinou 53 golos e 21 assistências em 145 partidas. Ao cuidado de Roberto Martínez, selecionador nacional. É aproveitar a diferença horária e acompanhar o campeonato mexicano com a mesma atenção que segue a liga saudita…
3 Acossado pelo Ministério Público, o Benfica tem interesse em encerrar todos os casos quanto antes. Seguramente que Rui Costa terá dado instruções aos advogados do clube para não utilizarem aqueles expedientes dilatórios que só servem para adiar a resolução dos processos enquanto os encarnados são notícia por essa Europa fora pelos piores motivos. Não basta criticarmos a lentidão dos tribunais se contribuirmos para isso com procedimentos legais, sim, mas que entram em contradição com queixas sobre a marcha demorada da Justiça.